No fim do mês passado, o jovem Thompson Vitor, de 15 anos, filho de uma ex-catadora de lixo, recebeu a notícia de que tinha sido aprovado no curso de multimídia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
Thompson foi o primeiro colocado geral na seleção do Instituto – fez 846 pontos em 1.000 possíveis. O garoto é o filho do meio de uma família que mora numa casa alugada por R$ 300, no Paço da Pátria, na zona leste de Natal. O antigo endereço era a favela da Maré – uma região ainda mais pobre, marcada pela violência e pelo tráfico de drogas.
Quem despertou o seu interesse pela leituira foi a mãe, Rosângela, uma batalhadora que levava livrinhos encontrados no lixo para o filho. “Eu catei lixo por 10 anos e passava sempre pelos locais onde os ricos moravam, ali achava livrinhos. Trazia para eles, os botava sentadinhos. Não sabia ler muito, mas lia o que entendia para eles. Também lia livrinhos que as Testemunhas de Jeová davam, comprava as bíblias infantis. Eu os enchia de leitura, e eles iam aprendendo, foram tomando gosto”, conta a mãe do garoto, que estudou até a 5ª série (atual 6º ano).
O garoto mostrou-se surpreso com o resultado do exame: “Se soubesse que tiraria uma nota tão boa teria feito outro curso. Estava inseguro, por isso tentei um curso novo, num campus perto de casa. É uma área que gosto, mas que não conhecia tanto”. A seleção do Instituto ofertou 2.400 vagas ao todo – o curso escolhido por Thompson foi um dos mais concorridos (9,29 por vaga).
Depois que terminar os quatro anos do curso técnico, Thompson pensa em estudar Direito, para dar uma vida melhor a sua família. “Não vou desistir do curso técnico, vou até o fim. Estou ansioso para começar as aulas e começar a ter novos conhecimentos”.
Fonte: Razões para Acreditar