A borboleta só voa livremente depois de passar por um processo difícil, claustrofóbico e até doloroso, isto é, precisa abrir mão de ser lagarta.
Será que vale a pena deixar de ser lagarta e virar borboleta?
Tenha a convicção de que escolher é perder, mas também ganhar. Existe uma dualidade na escolha, e é preciso decidir com o pensamento nas consequências e nos seus possíveis desdobramentos.
Toda metamorfose tem o seu preço, como sempre. Há a liberdade de escolher entre a ação e a inércia, então há apenas duas posturas a assumir: a dos realizadores, que acreditam em si e no próprio potencial, por isso, arriscam-se, e a dos que preferem murmurar e invejar a conquista alheia.
Os murmuradores possuem um forte receio em realizar algo e criticam as conquistas dos outros, pois não estão dispostos a pagar o preço. Por outro lado, aqueles que se arriscam a voos altos costumam alcançar grandes conquistas, e os próprios feitos e os feitos dos outros parecem comuns. Para os que nada conquistam, que optam pela inércia, as realizações daqueles que conquistaram muito parecem duvidosas, surreais e impressionantes demais para serem verdadeiras.
Existe um abismo entre os que são capazes e os que apenas ficam a assistir.
Os realizadores admiram os que realizam, mas os que não realizam e não buscam a realização invejam os que lutam e conquistam.
A nossa liberdade depende de uma ambiguidade. Se não houvesse em nós essa natureza dupla, esse dualismo a duelar pela nossa atenção a todo tempo, as escolhas seriam determinadas facilmente.
Não poderíamos escolher o que queremos ser e teríamos o nosso destino pré-determinado. Mas felizmente podemos escolher entre ir e não ir, entre tentar ou esperar, entre arriscar ou se acovardar.
Uma borboleta nada mais é que uma lagarta que se esforçou muito para sair do casulo e abrir suas asas, uma lagarta que se submeteu ao processo da metamorfose para poder ganhar os céus, que renunciou ao seu estado anterior para viver o novo.
Realizadores são como as borboletas, são pessoas que aguentam a dor da metamorfose.
Analogamente, questiono-me por que as lagartas, que não querem ou não se esforçam para virar borboleta, odeiam tanto as que abraçaram a metamorfose? Será por preguiça, medo ou incapacidade? Transformar-nos e submeter-nos à metamorfose é provavelmente a melhor coisa que podemos fazer por nós.
A borboleta só voa livremente depois de passar por um processo difícil, claustrofóbico e até doloroso, isto é, precisa abrir mão de ser lagarta.
Penso que os nossos maiores erros não têm a ver com o medo da transformação, mas sim com a paralisação, pois acabamos por aceitar a nossa vida para não sofrer a suposta dor que deixar de ser lagarta poderá nos trazer.
Pessoas inteligentes geralmente se movem (pesquise a história de vida dos grandes pensadores), elas geralmente escolhem fazer alguma coisa porque se sentem motivadas a criar, querem sempre mais e mais.
Essa motivação por agir está ligada a diversos fatores, sendo um deles a ansiedade, não a ansiedade que consome e martiriza, mas a ansiedade que impulsiona a realizar mais e melhor, em menos tempo.
Essas pessoas que se utilizam da ansiedade de forma positiva estão sempre conquistando e buscando novos objetivos, por isso costumam não ter tempo para invejar quem quer que seja, e quando se deparam com uma situação alheia mais favorável do que a sua, apenas admiram e bebem dessa experiência como inspiração.
Quando nos sentimos satisfeitos com as nossas conquistas e com a própria vida, enxergamos tudo ao redor com olhos de felicidade e admiração, assim nos tornamos borboletas livres e passeamos pela vida de maneira leve, deixando o mundo admirar nossas cores e nossa beleza.
Eu vejo pessoas que menosprezam a conquista dos outros, pois se sentem incapazes dos mesmos feitos, falta-lhes a capacidade e a coragem de ir em busca das próprias conquistas, assim seguem odiando o fato de não conseguir conquistar e acabam não chegando a lugar nenhum por medo de tentar e falhar. Ao contrário, quem conquista a liberdade em todas as áreas da vida se sente feliz por ter tentado tanto, por ter fracassado tanto e, por fim, ter vencido!
A falta de motivação, muitas vezes, é o motivo para a falta de ação da lagarta. A motivação deve ser intrínseca, ou seja, precisa fazer parte da essência de cada um.
É necessário descobrir o seu nicho de atuação, os seus dons naturais e, principalmente, é preciso que se tenha paixão pelo que faz. Na falta disso, da motivação que vem de dentro, faz-se necessário ter estímulo externo, que venha do outro.
Se a sua vida e as pessoas que o rodeiam não o motivam, busque outros elementos e histórias de superação, pessoas que, como você, não se sentiam fortes o suficiente para se tornarem borboletas e se arrastaram por longos anos como lagartas.
Mire-se no exemplo daqueles que erraram muitas vezes até que conseguir acertar. Esforce-se, dedique-se, estude, apaixone-se pelo seu trabalho, pela sua família, pela sua vida! Todo esse esforço é necessário para que as suas asas fiquem fortes o suficiente, para aguentar longos percursos, quando você sentir que é hora de sair do casulo e se jogar em voo livre.
Acredite em você e boa sorte!
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