O combinado na maior escala de uma relação é “viverão juntos até que a morte os separe”. Não é esse? Não continua sendo esse?
Será que já matamos o que só a morte iria separar?
Todo mundo fala que quer um amor para sempre, um daqueles de ficar bem velhinhos, mas ainda conseguir dar umas “bitocas” no seu “mozão”. Todo mundo começa a viver uma história, passa pouco tempo e sai falando que ama, e logo sai respondendo que ama também. Até aí, tudo bem, não se trata da hora em que as coisas são ditas.
O ponto é: será que estamos mesmo prontos para amar para sempre? Ou a gente só gosta de colocar “para sempre” nas legendas das fotos e cantar nos refrões das músicas? Por que a nossa paciência acaba na terceira briga e já consideramos a possibilidade de jogar tudo para o alto, inclusive a pessoa que está com a gente?
O casal da foto deste texto viveu 62 juntos. E sua última história, quanto tempo durou? Será que você é alguém pronto para amar para sempre? O que sustenta uma relação por tanto tempo assim? O que você fez para que sua última história perdurasse? Qual é o seu papel no papo de ser feliz com alguém?
De novo, porque é impressionante: o casal da foto viveu junto por 62 anos. Por que a gente acaba com as histórias antes de elas começarem? Por que as pessoas estão se importando cada vez menos em respeitar as outras, e pior, em respeitar aquelas com quem dividem a cama? Em que diabos estamos transformando o amor? Por que eu preciso demorar para lhe responder? Quem inventou que você não pode me valorizar, se eu responder rápido, mas apenas se eu demorar?
Por que você tenta tanto controlar a vida de alguém que ama? Qual é o seu problema?
Se você sabe qual é, por que não tenta se tratar? Olhe a quantidade de perguntas até aqui. Há tanta coisa errada que é difícil exclamar algo.
Estamos nos tornando tijolos. Operários do amor, ao invés de construir histórias, amontoamos pessoas que passam pela nossa vida, uma seguida da outra. “Essa é boa, vou deixar aqui um pouco mais…” ou “essa não é boa, vou jogar fora.” Na verdade, olhe que “louco”: os tijolos parecem ser muito mais inteligentes do que nós. Eles ficam ali, grudados um no outro, aguentando churrasco na sua casa, parentes bêbados, chuva, frio, calor, solidão e tudo mais. Mas eles estão juntos e vão continuar para sempre juntos até que a morte os separe.
Espere, isso é interessante: até os tijolos na parede ficam juntos até que a morte os separe, enquanto a gente já repensa se vale seguir com a pessoa na terceira briga.
É claro que cada história tem o seu para sempre, podendo durar um dia ou mil anos e toda aquela verdade de que seja eterno enquanto dure, mas será que não conseguimos mais fazer durar para sempre? Será que você não consegue mais começar uma história planejando viver 62 anos com esse alguém? Começamos algo já esperando o fim chegar? O que está acontecendo?
Não temos mais tempo. Não temos mais saco. “Mandei mensagem já faz cinco minutos e não me respondeu? Não aguento mais, vou terminar.” Estamos egoístas diante do amor.
– Tenho o mundo inteiro para viver, me deixe.
– Deixo, mas poxa, que tal a gente viver o mundo inteiro juntos?
A soma das nossas risadas pode ser mais engraçada que a sua sozinha.
Não estamos mais cuidando de quem a gente gosta. Estamos sem forças para dificuldades. Estamos decepcionados pela vida não ser mais como era na terceira série. As pessoas estão nos dando preguiça. A gente se entedia rápido demais. Perceba os monstros em que nos tornamos e o quanto quem antigamente era fundamental hoje não passa de um “tanto faz”. Planejamos o próximo fim de semana, não a viagem do ano que vem, que até lá pode sofrer dificuldades.
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Queremos uma coisa, mas estamos fazendo outra. Queremos um amor para sempre, mas estamos jogando fora todos os candidatos. Exigimos muito como se fôssemos tudo isso também.
O casal da foto deste texto viveu junto por 62 anos. Será que ainda conseguimos manter alguém perto da gente, sem celular, sem TV, sem distrações, por 62 minutos?
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