Coloque sob suspeita o que você defende como verdade absoluta, pois o que tomamos como verdadeiro ou falso nos leva a precipícios completamente taxativos e asfixiantes.
Quem é você? Essa é a pergunta que nos fazem quando criamos uma conta em uma rede social para preenchimento da “bio”, e é nesse exato momento que o cérebro sai à procura de algo que traduza a nossa personalidade em poucos caracteres. Resultado? Pane no sistema!
Mas que ideia limitante querer nos limitar, não é? Essa necessidade de nos encaixotar para ter a sensação de pertencer a algo ou até mesmo para ter a sensação de nos pertencer nos distancia cada vez mais do processo de autoconhecimento.
As crenças limitantes e as falsas identidades nos impedem de evoluir como seres humanos. Nós somos mutáveis e precisamos aceitar a nossa pluralidade. Quantas vezes, neste ano, você se perguntou quais conceitos já não lhe servem mais e quanto outros o atraem? É pela falta de autoquestionamento que estagnamos e, quando isso acontece, nada mais flui.
Nossas convicções deveriam ter prazo de validade, seja por transformações, por aperfeiçoamentos ou pelo simples fato de que não cabem mais. O tempo ressignifica e, quanto mais se vive, mais se constrói, mais se molda e se reinventa.
Coloque sob suspeita o que você defende como verdade absoluta, pois o que tomamos como verdadeiro ou falso nos leva a precipícios completamente taxativos e asfixiantes.
“Viver é um rasgar-se e remendar-se.” (Guimarães Rosa)
É preciso nos desconstruir para entender o que de fato somos. Às vezes, tudo o que estamos considerando são apenas infinitas consequências do que fizeram a nós. Criamos a nossa realidade a partir de crenças familiares, superstições hereditárias, experiências falidas e, principalmente, por cicatrizes de feridas não curadas. Revestimo-nos em armaduras e trancamos a porta para qualquer nova descoberta.
Abra espaço para o novo, saia de sua habitual atmosfera e encontre novas versões de si, não tenha medo de encontrar um novo mundo, afinal também somos a soma do que escolhemos não ser. Como em uma célula, a nossa essência é apenas o núcleo, o conjunto de todas as outras camadas é o que nos faz chegar até o nosso verdadeiro DNA. Cada nova descoberta é uma oportunidade de olhar para nós mesmos sob novas perspectivas.
“Eu quero ser tudo o que sou capaz de me tornar.” (Katherine Mansfield)
Saia da caixa e permita que todas as suas multifacetas sejam expressadas. Encontre suas versões complementares e descubra novas faces de si. Tudo o que você diz ser hoje é apenas resquício do todo, parte e retalho. Abrace os “eus” que partiram, os “eus” que ficaram, os “eus” renunciados e, além disto, estenda os braços para os “eus” que você ainda será. Não se prenda a padrões, a rótulos e a tantos outros limitadores, entenda que o processo de vir a ser é constante e a jornada, ininterrupta.
Eu procuro por mim.
Eu procuro por tudo o que é meu e que em mim se esconde.
Eu procuro por um saber que ainda não sei, mas que, de alguma forma, já sabe em mim.
Eu sou assim… processo constante de vir a ser.O que sou e ainda serei são verbos que se conjugam sob aura de um mistério fascinante.
Eu me recebo de Deus e a Ele me devolvo.Movimento que não termina, porque terminar é o mesmo que deixar de ser.
Eu sou o que sou na medida em que me permito ser.
E quando não sou é porque o ser eu não soube escolher.(Padre Fábio de Melo)
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