O amor não provoca dor, o amor não faz sofrer, o amor é alimento da vida, é o bálsamo de toda e qualquer ferida, é o sopro da paz.
O que verdadeiramente dói é a rejeição, ou de um amor já sentido, ou a supressão do pássaro da paixão que tinha em suas asas toda a energia para se transformar num grande amor, dando lugar a uma vida de mais brilho, mais felicidade, mais alegria, mais carinho, mais verdade e com tudo o que o verdadeiro amor pode proporcionar.
Aí sim, quando ocorre a supressão de algo que tocou a alma fortemente, ou quando algo impede o amor de seguir o seu curso natural, de encontro, de descoberta, de encanto e de alimento contínuo a cada momento de identificação, todo a situação, acaba por provocar uma dor sem igual. E nada, nada no mundo provoca maior dor do que a energia da rejeição.
Vem o consciente e tenta ressignificar o processo, mostrar que o amor-próprio existe, que há dentro de cada um de nós o farol da sabedoria, o “Eu Superior em verdadeira sintonia com o Universo”, o interruptor da felicidade e uma felicidade que pode ser sentida a cada toque e a cada momento, a cada instrumento da vida, mas as emoções que brotam de um lugar mais profundo, que recebem os ventos e o perfume da alma de forma inconsciente, com toda a força de uma semente, não deixa a crença positiva do consciente ter mais valia. E o que prevalece, é a dor da rejeição, de ver um sonho se dissipar ao vento, como uma faísca não acesa e perdida no tempo.
E a alma sente-se rasgada, dilacerada, e sem conseguir fugir, vêm à mente os questionamentos, o porquê que encontros tão belos e intensos transformam-se em verdadeiros pesadelos, quando ao invés de alimentados, são refugiados e aprisionados na jaula da rejeição, como se fosse algo ruim, que veio para fazer mal, ao invés de todo o bem e de toda a vitalidade que o amor pode transformar e realizar.
E outras perguntas pairam no ar…
O que faz com que alguns de nós tenhamos sintonia e estejamos com alguém quando não há reciprocidade, quando a sintonia é por apenas uma das partes, quando a vontade de continuar é apenas de um, não dos dois?
O que faz com que alguns de nós demorem tanto tempo para viver o amor em sua verdadeira plenitude?
E quando digo plenitude no amor não digo na visão romântica e irreal, que faz do amor um sonho encantando, como se não houvesse dificuldades a dois, momentos de crescimento ou necessidade de evolução conjunta, mas na plenitude do crescimento na força conjunta, onde a força de um soma-se à força do outro para superar os desafios, resolver os problemas, enfrentar as adversidades da vida. Ou quando algo no outro incomodar, usar consciente ou não este lindo espelho de crescimento proporcionado pelo outro para a sua alma aprimorar.
Não num amor irreal, mas num amor real que na alegria e na tristeza, na soma, faz com que ambos o envolvidos transformem-se em apenas uma alma, com uma força jamais atingida se estivesse na individualidade, não na integralidade do nós que as duas almas afins atingem, neste encontro de crescimento e superação.
O que faz com que alguns de nós tenham tanto medo de nos entregar ao amor e a viver tudo o que este sentimento pode oferecer?
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O que faz com que alguns de nós sejam tão duros e implacáveis quando o assunto é amor, rejeitando, sendo frios, até no outro provocar imensa dor, mesmo não se dando conta do que está a fazer e nem do por quê que assim faz?
O que faz com que nesta visão realista ou, muitas vezes, utópica cada um de nós classifique o amor com tanta diferença de sentir e de expressão, se o amor é o maior sentido e sentimento que o homem foi capaz de sentir?
Por que alguns muito cedo encontram o “ser para formar o nós” e permitam junto estar e outros passam a vida toda sem encontrar? Por que alguns de nós poucas vezes se encantam na vida e, quando isso acontece, a rejeição ganha vez ao invés de reciprocidade, anulando o amor outra vez?
Ah o amor! Tantas interrogações que regem sua configuração, tanta dor que ainda o rodeia!
Mas que compreendamos de uma vez por todas, não é o amor que nos faz sofrer, o que realmente nos faz sofrer é a incapacidade de amar e de aceitar tudo o que o verdadeiro amor pode proporcionar.
Porque o verdadeiro amor é regido pela verdade, pela profundidade, pela sinergia, pela vontade de estar juntos outra vez. Começa, sim, com o pássaro da paixão, que do nada faz pouso em duas vidas e de repente lança voo rumo a sua construção, mas se não suprimido, se alimentado, ganha força a cada dia, ganha energia para fazer voo em ambos corações e seguir rumo a uma vida feliz, ao “Castelo da Paz” , a “Construção da Alma”, que certamente aprende, ganha, cresce na dualidade, muito mais do que na unicidade.
E o amor, este lindo sentimento que o Universo nos concebeu a capacidade de sentir, nunca, nunca provocará dor. O que dor provoca é a rejeição, ou a supressão de não permitir que estes pássaros da paixão sigam rumo a sua natural construção, e quando isso acontece, aí sim, a dor ganha espaço, corta como navalha; e tão ruim é o seu impacto, que demoramos muito tempo para conseguir dissipá-la e seguir novamente bem o caminho na unicidade.
Dói, sim, a rejeição, mas talvez de forma ainda muito romântica acredito, que quando o amor é verdadeiramente sentindo, alimentado, regido pela verdade, ele ganha força e vitalidade para caminhar rumo a eternidade.
E quem não vê o eterno no amor é porque, talvez, prefira alimentar a dor que passou, da memória que ficou, sem deixar que o verdadeiro amor cresça. Porque, se passou, não foi o verdadeiro amor, pois o verdadeiro amor só tem um caminho, o de começar com o voos da paixão e seguir em direção ao infinito.
Se passou, se deixou de existir, se provocou dor, causando o fim, foi um amor transitório, que só veio para nos ensinar o que precisávamos aprender.
E no ciclo que acabou, ele ficou, com toda a sua energia da transitoriedade, porque há, sim, amor que segue rumo ao infinito, mas para que isso aconteça, é preciso que saibamos alimentá-lo, sempre a acreditar que ele se seguirá, com a crença e a certeza de que se não perpetuar e não seguir rumo à eternidade, não foi o verdadeiro amor e sim, apenas mais um amor dos muitos que na vida se tem, para ensinar o que aqui viemos buscar.
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