Ao terminar do ano palavras foram ditas, escritas, sussurradas, digitadas, trocadas, de modo que mesmo com 365 dias para encher de “significados”, um ano nunca será suficiente para dizer tudo o que gostaríamos.
Nunca será suficiente para escrever cada inspiração que ilustra nosso imaginar, para sussurrar segredos confidenciados na calada da noite pois existem palavras que só podem ser ditas ao escurecer, de enviar mensagens que, muitas vezes, digitamos, apagamos, digitamos e novamente apagamos, de recordar de todo vocabulário rico em sentimentos ruins e bons que acabaram guardados por motivos nobres ou bobos, ou até mesmo sem motivos.
Ao findar do ano tudo vem à tona, como uma retrospectiva nos relembrando que algumas das milhares de palavras que não tomaram vida, agora fazem parte de um cemitério abarrotado de significados sem “significado” algum.
Talvez essa seja a verdadeira definição para o assassinato dessas palavras ou quem sabe uma desculpa qualquer para não se dá valor ao que não tivemos coragem de expor.
A falta de valentia é o que pretendo trabalhar em mim que uso o “nós” como se vocês também fossem como eu.
Infelizmente nunca expresso meus testemunhos da maneira que desejo.
Frases, parágrafos, vírgulas, e uma quantidade infinita de reticências, fora aqueles balõezinhos de diálogos usados em cartoons das coisas que não falei, mas que continuam sobre minha cabeça culmina num sentimento melancólico também sem sentido pois se não me expressei foi porque achei que não devia.
Pensando bem, o final do ano é o grande responsável por toda essa atribulação mental de palavras que não foram ditas ou escritas.
Se não existisse finitude não existiria a reflexão. Só quando terminamos um livro é que surgem as indagações. Ou quando temos uma doença terminal e estamos nos últimos dias necessitamos expor tudo o que sentimos.
É quase certo que o fim para o ser humano sempre será um momento de grandes reflexões.
De colocar do outro lado da balança o contrapeso do que omitimos.
A morte de um ano é época de refletir, de olharmos no espelho e perguntar: O que valeu a pena?!
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