Só é preciso uma pessoa para cuidar de você: Você mesmo. Mas para conseguir se cuidar, é preciso se conhecer. Saber até onde você consegue ir, até onde dá conta, até onde pode mergulhar. Cuidar é conhecer seus limites, proteger sua energia, blindar seu bem-estar. Cuidar é se afastar do que o perturba, desgasta e desequilibra.
Tem gente que não liga para água fria. Eu não tolero. Admiro quem vai à piscina e, sem a menor cerimônia, pula de uma vez naquele gelo paralisante. Por outro lado, adoro montanha russa. Quanto mais cheia de descidas íngremes e loopings, melhor. Meu marido apavora. As mãos suam, a boca seca, as pernas tremem. Para ele, é um sofrimento. Tem gente que adora café, mas tem dor de estômago se beber muito. Outros passam mal com pimenta. Há os que tomam cerveja e ficam com dor de cabeça. Há aqueles que bebem leite feito bezerro e passam bem. Tem gente que dá um boi para não entrar numa briga, tem gente que dá uma boiada para não sair.
O que quero dizer com tudo isso é que ninguém, além de você mesmo, pode saber o que o deixa confortável ou desconfortável. Ninguém, além de você mesmo, tem condições de dizer quais são os seus limites, o que você pode tolerar, o que lhe faz bem, o que você digere, o que o deixa em paz.
Só você conhece seus limites. Só você sabe aquilo que o afeta, faz mal, que o irrita, que lhe exige mais do que o normal, que machuca, causa dor, tira do sério, que o faz ter péssimas lembranças, perturba, atinge, traz à tona uma versão sua que você não gosta. E só você pode se proteger e se preservar, colocar os pingos nos is e saber até onde você pode ir.
Está tudo bem não ler todas notícias. Está tudo bem dizer “não” àquela solicitação. Está tudo bem não gostar de livros densos. Está tudo bem adorar séries levinhas e engraçadas.
Está tudo bem não falar de política nem futebol. Está tudo bem querer ficar sozinho. Está tudo bem não gostar de balada. Está tudo bem odiar montanha russa. Está tudo bem cancelar um compromisso. Está tudo bem não querer ficar perto de alguém que te machuca. Está tudo bem não frequentar um lugar que você não gosta de ir. Está tudo bem se colocar em primeiro lugar.
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Por que você continua assistindo a um programa que só tem notícias que lhe fazem mal? Por que você continua entrando em grupos de discussões que só afrontam seu bem-estar? Por que você continua de conversinhas com aquela pessoa que brinca de ioiô com você, enquanto faz seu coração em pedacinhos? Por que você se desagrada para agradar aos outros? Por que você não consegue dizer “não” para aquela solicitação quando tudo que você queria era estar em outro lugar, fazendo outra coisa? Por que essa mania de não se proteger, não se poupar, não se resguardar?
Só é preciso uma pessoa para cuidar de você: você mesmo. Mas para conseguir se cuidar, é preciso se conhecer. Saber até onde você consegue ir, até onde dá conta, até onde pode mergulhar.
Cuidar-se é conhecer seus limites, proteger sua energia, blindar seu bem-estar. Cuidar é se afastar do que o perturba, desgasta e desequilibra.
Algumas vezes, temos que colocar nossa afeição por alguém em banho maria para que possamos nos lembrar de que merecemos mais. Algumas vezes, temos que colocar o que sentimos por alguém em segundo plano para que coloquemos a nós mesmos em primeiro lugar. Quando gostar de alguém nos faz em pedaços, é hora de recuar, reconsiderar, afastar, até mesmo bloquear.
Para proteger minha energia, não vejo mal nenhum em silenciar grupos, não me envolver em discussões, fugir de notícias sangrentas, bloquear pessoas que interferem no meu equilíbrio e não mergulhar em águas muito geladas.
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Não enxergo isso como fuga, e sim como autoconhecimento e autopreservação.
Com a maturidade, adquiri compreensão da minha natureza, e aprendi a reconhecer as coisas que quero ver plantadas em meu terreno.
Nem tudo me cabe, e essa percepção é pessoal e relativa, por isso cabe a você também reconhecer aquilo que lhe afeta, equilibra, motiva ou desagrada.
Cabe a você descobrir o que faz bem para sua saúde física, emocional e espiritual e só preservar o que deve prevalecer, tendo a coragem de se autorizar escolher o que é melhor para você.
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