A pobreza e a riqueza não são fins, são meios que a lei da vida nos confia para, com sua utilização, tirarmos um benefício positivo e permanente que resulta do aperfeiçoamento de nossa individualidade.
Podemos afirmar que o fator principal do desenvolvimento das civilizações é a luta constante do homem para se libertar da pobreza, porque o maior esforço e realização correspondem sempre ao período da vida em que lutamos para conquistar aquilo que ambicionamos.
O homem que precisa melhorar de posição para se colocar a salvo da pobreza é obrigado a trabalhar, fortalecer a sua vontade e avigorar o seu caráter.
A história nos dá exemplos de homens que foram infelizes, apesar de sua fortuna, indicando-nos, em contrapartida, outros que, nascidos na ínfima pobreza, chegam ao auge de suas vidas pelo talento ou pela fortuna que alcançaram. Foram pobres na sua infância, e se fossemos citar nomes conhecidos, veríamos que a maioria dos nossos industriais, comerciantes, catedráticos, inventores, artistas e banqueiros não são de descendência rica. Ou eles, ou seus pais, foram educados na severíssima escola da necessidade, senão na da pobreza, e alguns na da miséria.
É impossível aperfeiçoar o caráter ou desenvolver as potencialidades sem combater e triunfar nas lutas pela vida. Quem vive sem ter passado por qualquer prova nas lutas diárias, perde seriamente metade de sua existência.
Que podemos dizer daquele que, para desenvolver os músculos, se sentasse na sala de uma academia, limitando-se a ver os aparelhos. Se o pai trabalha arduamente enquanto o filho fica ocioso, não há pior maldição para o filho nem mais tremenda responsabilidade moral para o pai, embora ao morrer deixe-lhe uma grande fortuna, para livrá-lo da pobreza pelo resto da vida.
Considerando a pobreza e a riqueza de uma maneira absoluta, ambas são prejudiciais à vida do verdadeiro homem. Não são fins, são meios que a lei da vida nos confia para, com sua utilização, tirarmos um benefício positivo e permanente que resulta do aperfeiçoamento de nossa individualidade.
A pobreza é o ponto de partida, e a riqueza o da chegada, nesta jornada da vida. A pobreza é como o aparelho de musculação que nos serve de meio para desenvolvermos as nossas forças.
Considerada em si, é um mal, uma escravidão, um obstáculo que a lei no princípio da vida opõe como resistência ao que nasce pobre, para ver se consegue vencê-la e sair da pobreza.
Se todos os pobres chegassem a ser ricos, seria como se todas as teclas de um piano tivessem o mesmo som.
O progresso e a prosperidade seriam palavras sem sentido e a humanidade ficaria como a água estagnada de um pântano, sem evoluir.
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