Não vou começar esse texto falando sobre as redes sociais e o quanto escondemos quem realmente somos, porque isso é um problema que acontece bem antes dela. Nós, temos a mania de esconder nossos sentimentos, não mostrar o que sentimos de verdade e isso vem de raiz, atrevo a dizer que é cultural, principalmente com nós mulheres.
Desde sempre fomos coagidas a sorrirmos quando nada estava bem. A sociedade anterior à nossa que o diga! Quantos casamentos de fachada e felicidades arranjadas tinham antes? Onde mulheres sofriam abusos de seus maridos e tinham de sorrir e mostrar a sociedade que era uma dama?
Parece contraditório, mas não é muito diferente do que vivemos hoje. A única diferença é que temos a rede social para deixar o nosso mundo paralelo ainda mais enfeitado.
Minha psicóloga sempre me lembra que tudo é sorriso nas redes sociais. As pessoas não gostam de mostrar que estão por baixo, que estão tristes ou passando dificuldade. Eu até entendo essa necessidade, sabe? A era dos likes, a era da aceitação a qualquer custo, a era do anulamento de si mesmo.
Não é fácil ser ou mostrar quem realmente somos, a intolerância de ideias é tanta, que preferimos mostrar o que as pessoas querem ver… o nosso melhor lado, isso se tivermos um. Às vezes, o inventamos.
Quem tem depressão e ansiedade sabe muito bem do que estou falando. As pessoas não querem ouvir, elas não têm paciência para entender o que você está sentindo, então, para fugirmos disso e estarmos sempre perto delas, nós nos mostramos na nossa melhor forma, com nosso melhor sorriso, look, mesa de bar e amigos, mas por dentro, a sensação é de que estamos sendo comidos aos poucos, até que não reste nada.
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Eu já passei por isso e tenho certeza de que você também. Se de um lado temos uma sociedade que não liga para nossa real felicidade, do outro, temos nós acreditando que precisamos da opinião dessa mesma sociedade para estarmos bem.
Conheço pessoas que estão em casamentos falsos, que só o fazem por medo do que os outros vão pensar e acreditam que assumir essa falsa felicidade, vai fazer bem, afinal, quem está olhando de fora, nunca verá o quanto os cupins já devoraram por dentro.
E temos pessoas que continuam porque sofrem abuso e estão tão ligadas sentimentalmente (dependência emocional) que não conseguem se livrar desse mal que é estar junto de alguém que nos machuca e humilha, só por medo de ficar sozinha, ser julgada ou até mesmo, de morrer. É curioso falar disso, porque como foi dito no começo do texto, parece que estamos vivendo nosso passado no presente.
Todos os dias pessoas morrem. E todos os dias nos perguntamos: “Nossa, mas ele (a) parecia tão bem, o que será que aconteceu?”. A resposta é: não é o que aconteceu, mas o que acontece há muito tempo, mas estamos ocupados demais tentando esconder sentimentos, seja por orgulho, por medo de rejeição, julgamento ou simplesmente para escondermos a dor.
Enfim, talvez acredito que precisemos de pessoas mais empáticas, que entendam, que não julguem, que não deixem de lado, talvez, tudo fora um pouco diferente se tivéssemos ajuda.
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