Como a música nos ajuda em nosso desenvolvimento pessoal?
Era sete horas da manhã de uma terça-feira tumultuada no consultório médico do meu dermatologista, que estava com uma hora de atraso. Como fiel escudeira da minha paz interior, coloquei meus fones e era como se todo aquele alvoroço já não existisse.
Alguns minutos depois, confesso que desisti da consulta, mas passei o dia relembrando um estudo que tanto me fascina: a neurociência ligada à música.
Quem me apresentou essa conexão foi o neurocientista Daniel Levitin no livro: “A música no seu cérebro”. Entre tantos ensinamentos, o que mais me chamou atenção no estudo de Daniel foi a afirmação de que cada indivíduo tem um desenvolvimento cerebral único. O que acontece é que os estímulos gerados por uma música são causados por experiências vivenciadas de forma exclusiva e específica.
Um músico ou uma pessoa que tem maior sensibilidade musical possui o poder de ativar mais áreas do cérebro ao mesmo tempo. Com esses estímulos, você trabalha e assimila os processos cerebrais com mais agilidade e ainda adquire mais sensibilidade à zona criativa da cachola.
A música possui uma verdadeira conexão com o cérebro.
– Daniel J. Levitin
O filósofo Friedrich Nietzsche, pode nos ajudar a interligar a música e a neurociência em prol do nosso desenvolvimento pessoal, segundo a sua biografia.
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Após muitos anos estudando e tendo como base principal os conceitos duros, pessimistas e dolorosos de Arthur Schopenhauer, Nietzsche enlouqueceu. Ele não conseguia lapidar seus pensamentos e entrou em uma crise existencial tão profunda que resolveu tirar um ano sabático.
Para trazer mais vivificação à alma, mais composição às ideias e mais alegria a seu espírito, Nietzsche retomou ao mundo da música enquanto curtia suas “férias”. Embora tivesse passado por tantas crises, a música se transformou em uma via de mão única para que ele encontrasse sua verdadeira e singular filosofia. Organizou seus pensamentos que borbulhavam em sua mente e conseguiu manifestar suas reflexões, que um dia viriam a dar norte para o labirinto que chamamos de contemporaneidade.
Sem a música, a vida seria um erro.
– Friedrich Nietzsche
Contraditório ou compreensível, o fato é que ele faleceu de pneumonia à beira de um colapso mental, o louco mais sóbrio que o mundo já conheceu. Apesar disso, o niilista finalizou todos os seus trabalhos com sinfonia. A música era o combustível que faltava para esse músico filosofo/filosofo músico, e ele sempre fez questão de pontuar isso. Como se cada nota melódica tivesse o poder de controlar os centros nervosos do pensador. Como se suas frequências cerebrais fossem afinando ritmicamente e dando vazão à área criativa e à formação de suas obras. Nietzsche seria um caso de sucesso para o autor Daniel Levitin, que tanto estudou os efeitos da música no cérebro.
Aqueles que dançavam foram vistos como loucos por aqueles que não conseguiam ouvir a música.
– Friedrich Nietzsche
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A partir da vivência do pensador e do estudo do neurocientista, é possível afirmar que, a arte que combina ritmo, harmonia e melodia, ajuda a ativar nossos gatilhos mentais mais poderosos. Seja para ampliar nossa zona criativa ou para trabalhar nossos processos cerebrais trazendo calma e em uma situação incômoda.
Dê play no seu cérebro e bon voyage!
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