Essa semana eu chorei. Era uma cena de filme: Uma mãe passava roupas enquanto seu filho, já adulto, falava cheio de mistério e muita fantasia, sobre sua paixão por uma moça.
Ela passava roupa e, com muita leveza ia tirando dele, tudo o que queria saber…
Ele beijou a cabecinha dela, se debruçou na tábua de passar roupas, e ficaram ali… brincando e conversando…
Chorei. Chorei um choro bom.
Choro de saudade, um choro sentido e longo, daqueles que quando acabam, deixam a gente leve, lavam a alma. Confesso que chorei de inveja também.
Fiquei imaginando quanta conversa poderia ter tido com minha mãe. Quantas vezes poderia ter beijado aquela cabecinha nesses 29 anos que já se passaram desde que ela partiu.
Nem sei se seria assim. Será que conversaríamos tanto?
Será que teríamos essa intimidade beijoqueira na qual me agarro beijando meus meninos?
Não sei. É assim aí com você?
Tudo bem. Virei mãe. Eita, que início difícil! Meio perdida num turbilhão de sentimentos, horários, obrigações, coloquei minha máscara de fortona. Aquela que uso quando o medo bate, sabe? Parecia uma leoa.
De um jeito delicado, porém firme, dispensei ajudas valiosas. Irmãs, sogra, cunhadas… todas ali, cheias de vontade, coração e doidas para ajudar. Eu me perdi. Será natural?
Aí veio o segundo filho.
Eita, que diferente! Já disse aqui que todo mundo deveria ter o segundo filho antes do primeiro? Leveza, paz na cuca… as coisas correm leves! As coisas? Não. A gente corre mais leve.
Para mim foi assim. Dessa vez foi bacana. Porta aberta, coração aberto, toda ajuda foi bem-vinda.
Irmãs, sogra, cunhadas, amigas… Os conselhos eram mais leves.
– Ah gente, ela já tem um, né? kkkk
E assim, as relações foram se fortalecendo, as conversas foram se estreitando e aquela máscara de durona aos pouquinhos, confesso, vai de desfazendo.
Nesse dia das mães, agradeço às minhas irmãs e sogra. Essas leoas que me ensinam e, quanto mais eu abro espaço, mais elas me ensinam, ajudam, apoiam.
Mamãe deve estar feliz lá de cima. Mandou boas representantes!
Desejo para você que beije sua mãe e, se essa “intimidade beijoqueira” não for muito simples para você, dá UMA beijoca. UMA.
Mas, olha no olho, abraça forte, sente o cheirinho dela e se permita ficar ali por um tempinho.
Eu? Eu tô em paz. Sabe aquela mãe lá do filme? É para lá que eu tô indo.
Devagarzinho vou juntando minha tábua, meu ferro, umas pecinhas de roupa…
Quem sabe um dia eles não resolvem me contar que estão apaixonados enquanto eu passo uma roupinha? Amém. De todo o meu coração, amém!
Feliz dia das mães!
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