A respeito do respeito: considerar a existência do outro tão importante quanto a minha é treino, exercício e aprendizado.
Ontem em uma conversa ouvi que as pessoas devem se dar ao respeito. – Confesso, “chiliquei”! Pense comigo: se eu não genuinamente respeito uma pessoa “só” pela razão dela existir, eu, no fundo do meu ser, acredito que outras pessoas não devem me respeitar “só” por eu ser um ser humano.
Em uma sociedade em que se precisa merecer/conquistar a cada minuto o respeito, este se torna um prestígio/status que muda conforme as necessidades sociais. Assim como tudo em uma sociedade capitalista. Nessa lógica, eu respeitaria aquilo que me é convenientemente e útil no momento.
Eu respeitaria um cargo, marca, conta bancária, corpo, uma atenção que me é dada etc. Algo que preencha uma lacuna da minha vida. Não necessariamente eu respeitaria o conteúdo/a pessoa que carrega tudo isso.
A pessoa por trás do o que me é “útil” deixa de ser pessoa e se torna uma espécie de cabide onde está pendurado aquilo que eu quero no momento. Saciar uma necessidade/vontade/desejo é o foco e usarei esta pessoa até o ponto que achar conveniente ou que a pessoa sumir da minha vista, ou cansar de ser usada, ou cansar de me usar. (Está pegando a lógica das relações descartáveis?!)
Quando se espera a cada minuto que o outro deixe claro seu limite, não há troca, não há amorosidade, não há amizade, não há relação, pois estou centrada em mim, nas minhas necessidades.
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Eu não fiz o exercício de olhar para a outra pessoa sem jogar nela as minhas demandas. Eu não quis conhecer aquela pessoa, o que ela pensa, o que sente, eu apenas esperei que uma necessidade/vontade/desejo meu fosse suprido, através dessa pessoa “cabide”. E nesse jeitinho, do eu e meu, estamos construindo cada vez mais uma sociedade egoísta. Estamos mais insensíveis aos sentimentos alheios e nos tornando mais solitários, mais dependentes para sermos felizes.
Óbvio que ninguém tem bola de cristal e pode acontecer mal-entendidos no meio do caminho. É um exercício diário trabalhar a empatia, trabalhar o autoconhecimento, dar espaço ao outro para que ele se mostre é difícil. É treino, exercício e aprendizado.
Considerar a existência do outro tão importante quanto a minha independente de quem o outro for. Na teoria parece simples, vamos exercitar!
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