“Uma coisa lançou profundas raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento das coisas, e a verdade, a substância de qualquer moral. A verdade tornou-se meu único objetivo. Ganhou importância a cada dia. E também a minha definição dela se foi constantemente ampliando”. – Mahatma Gandhi
Como já concluímos no texto passado, o início deste pensamento, “a moral é o fundamento de todas as coisas”, pode ser equiparado a: “a cultura imortal ou conjunto de hábitos imortais, pertencentes à alma, que reproduzem comportamentos virtuosos e bondosos é a razão e a explicação plausível de tudo o que existe de material, mesmo que sua materialidade seja refinada”.
Sendo assim, se assumimos que o objetivo de tudo o que existe é o nosso aprimoramento moral ou de nossa cultura universal, do que se trata a verdade, substância de qualquer moral?
Substância, no contexto como foi utilizada, tem como definição essência, cerne, fundamento, etc. Dessa forma, temos que a verdade é a essência de qualquer moral, ou seja, da nossa cultura universal.
É importante trazermos à palavra verdade um significado mais amplo do que o antônimo de mentira, apesar de ser também necessário conceber que não existe possibilidade de uma mentira estar no cerne de qualquer moral, uma vez que nossa cultura universal é pura e a pureza é verdadeira, nunca falsa.
Nesse sentido, a busca da verdade tornou-se o único objetivo do Autor. Segundo os livros reproduzidos com base nos pergaminhos dos monges tibetanos, como por exemplo “A Voz do Silêncio”, de Helena Blavatsky, que nos traz parte do Livro dos Preceitos Áureos, o mundo é uma ilusão, uma mentira. Tudo o que vemos é reprodução do maya (filosofia hindu).
A busca da verdade, mais do que opor-se à mentira, traz à tona uma jornada em busca de algo originário, fundamental e justificativo para tudo o que acontece em nosso plano ilusório.
A verdade é, aqui, uma busca por algo invariável, verdadeiro e essencial.
Por essa mesma trilha, a cada dia a verdade ganha mais importância, pois iniciada a busca, as coisas passam a fazer sentido: não é o sentido figurado em que vivemos, mas um sentido real. Começamos a entender, por exemplo, que o que são para nós momentos felizes, na verdade são infelizes, pois apenas servem para saciar nossa vontade de euforia, sendo que, por outro lado, momentos considerados infelizes são, em verdade, momentos felizes, porque auxiliam no aprimoramento de nosso ser.
É por isso que quando a verdade se torna o objetivo, não há espaço para a imoralidade e mais: o conceito de verdade vai constantemente se ampliando, porque a verdade não é finita, é uma luz muito vasta e real por trás do mundo ilusório que sentimos.
Há quem inclusive compare a verdade, não “uma verdade”, mas “a verdade”, ao Uno Universal, a Deus, ao autocriado, pois é a essência, substância de tudo o que é puro e bom.
“A verdade” é imutável, o que se altera e se amplia é nosso conceito sobre ela, porque não a conhecemos, estamos a caminho. A verdade é o maior dos arquétipos, porque tem em todos um pedaço, uma porção.
Por fim, o Autor quis nos ensinar que algo lhe lançou profundas raízes: a certeza de que o aprimoramento de nossa moral (cultura universal) é o fundamento, a razão de existir o mundo ilusório em que vivemos, e a verdade é o cerne de toda moral.
Por isso, Gandhi diz que a busca da verdade tornou-se o seu único objetivo, ganhando importância a cada dia e o seu conceito, na medida da evolução do caminho, amplia-se cada vez mais.
Forte abraço e uma boa semana!
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