A sociedade ainda levará algum tempo até que se tenha desenvolvido a exata consciência da importância dos modelos passados para os filhos de ambos os sexos.
Da mesma forma que o comportamento paterno pode comprometer a estruturação da personalidade dos filhos, a mãe também é uma figura fundamental nesse processo, servindo de base para a construção do modelo feminino para os filhos homens.
Mães que acreditam num mundo em que o homem é privilegiado tornam-se permissivas em relação aos filhos do sexo masculino (homem pode tudo!) e geram revolta nas filhas, as quais passam a se sentir injustiçadas diante da desigualdade de oportunidades que são oferecidas a cada sexo.
Mães que têm atitudes submissas e servis em relação ao marido e aos filhos passam a estes últimos um modelo de mulher que não corresponde às condições do mundo de hoje onde, cada vez mais, as jovens dedicam-se às suas carreiras profissionais em busca de independência econômica, numa tentativa de romper com o modelo tradicional.
Por outro lado, mães dominadoras criam filhos passivos, que tenderão a buscar mulheres igualmente dominadoras, numa repetição do padrão materno, o que os levará, infalivelmente, à sua desvalorização como homens e ao fracasso da relação conjugal.
Mães que fazem do filho um substituto afetivo para o fracasso de sua relação conjugal preparam terreno para o futuro comportamento de infidelidade desse filho, que se habitua a viver uma relação afetiva triangular.
Da mesma forma que os meninos, as meninas buscarão a mãe como modelo feminino, com o qual irão se identificar de forma positiva ou negativa.
Nascemos dentro de uma sociedade na qual cada geração possui padrões de comportamento definidos para os homens e para as mulheres. Compreender essa realidade e, ao mesmo tempo, questionar esses padrões preestabelecidos podem contribuir grandemente para a evolução das relações entre os homens e as mulheres em geral.
No processo de modelagem das futuras gerações, a consciência do próprio papel, enquanto pai ou mãe, é fundamental para que se abra um diálogo permanente sobre as funções masculinas e femininas nas relações familiares.
Se observarmos, através dos tempos, os modos como o homem e a mulher foram criados, talvez fiquemos admirados pelo fato de que eles ainda conseguissem viver juntos, com visões de mundo tão diferentes. Os filhos eram direcionados para ter como principal objetivo a carreira profissional. Em termos de comportamento afetivo, o fato de que eles tivessem várias namoradas parecia aos pais uma garantia contra possíveis tendências homossexuais. Não se cobrava deles fidelidade nem sensibilidade. As filhas tendiam a ser mais reprimidas e protegidas, valorizando-se nelas a delicadeza e o romantismo, em detrimento da iniciativa e autonomia.
Quando, na vida adulta, pessoas criadas de formas tão diversas se encontravam, suas visões de mundo tão diferentes tornavam difícil partilhar uma vida em comum. Como consequência, as relações conjugais iam se deteriorando, de decepção em decepção, na medida em que um não atendia às expectativas do outro.
A sociedade ainda levará algum tempo até que se tenha desenvolvido a exata consciência da importância dos modelos passados para os filhos de ambos os sexos.
É preciso que os pais tenham em mente o objetivo de preparar seus filhos para se tornarem adultos capazes de assumir um compromisso conjugal, com todas as implicações e responsabilidades decorrentes da decisão de constituir uma família.
É preciso que os jovens aprendam, principalmente, a se respeitar como seres humanos que têm sentimentos, independentemente de serem homens ou mulheres.
E, acima de tudo, que seja realmente uma decisão e não uma consequência trazida por uma gravidez indesejada, como frequentemente acontece. Talvez então seja possível se construir um novo padrão educacional, que prepare as futuras gerações para uma vida a dois, consciente e amadurecida, livre das interferências negativas de modelos ultrapassados e cheios de distorções.
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