Professora lhe disse que ele nem sequer seria alfabetizado.
As pessoas que nascem com autismo podem enfrentar grandes batalhas no convívio social, ser subestimadas, excluídas ou maltratadas, julgadas como inferiores por quem não tem sensibilidade para lidar com suas especificidades. Infelizmente, em muitos casos, nem mesmo as pessoas que deveriam estar preparadas para lidar com eles são capazes de lhes oferecer tratamento digno e respeito.
Enã Rezende, um jovem autista de 26 anos, conhece bem as dificuldades de conviver com o autismo. Sua trajetória foi marcada por muitos desafios, como ouvir coisas negativas até mesmo de quem ele menos esperava. Diagnosticado com psicose infantil, só aos 19 anos recebeu a confirmação de autismo em grau leve.
Mas recentemente Enã alcançou uma grande conquista e provou o seu valor: formou-se em Medicina, pela Universidade de Cuiabá (Unic), em Mato Grosso, no início de 2019. Suas conquistas não param na graduação; em 2020, ele pretende se especializar em Neurologia.
Como cresceu com grandes dificuldades para falar e interagir, ele constantemente sofria bullying dos colegas de classe, algo muito difícil de enfrentar e que pode trazer grande desmotivação.
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Sua mãe, Érica Rezende, inclusive chegou a ouvir de uma professora de Enã, quando ele tinha 7 anos, que o menino não conseguiria aprender a ler e escrever.
Felizmente, o oposto aconteceu e o jovem superou todas os preconceitos e entrou no curso de Medicina. A maior motivação para escolher essa área foi a morte de seu pai. Quando Enã ainda era criança, seu pai sofreu um acidente de carro e veio a falecer, isso despertou no menino a curiosidade de compreender a medicina.
Durante o curso, o jovem também teve os seus desafios, especialmente quando se tratava de lidar com os pacientes, já que os autistas podem ter dificuldade de estabelecer contato visual, entre outras formas de comunicação.
No entanto, Enã não se deixou intimidar, e com o tempo foi conquistando ainda mais progressos. O jovem não teve muitas dificuldades na aprendizagem.
“O Enã é uma pessoa extremamente inteligente, mas por conta dessa dificuldade de interação, acabava ficando mais isolado. Então, passamos a tomar iniciativas, junto com professores e os próprios colegas, para que ele fosse colocado em grupos, e tudo isso o ajudou na inserção social”, disse Denise Dotta, coordenadora do curso de Medicina da Unic, à BBC News Brasil.
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De acordo com o G1, Enã desenvolve um projeto de inclusão social nas escolas sobre o autismo. Chamado de “Autismo nas escolas”, o principal objetivo do projeto é ministrar palestras para crianças e adolescentes, a fim de que compreendam o autismo e sejam respeitosos com as pessoas que nascem com essa condição.
É emocionante ver pessoas conquistando os seus objetivos, especialmente aquelas com alguma característica que, em teoria, as torna diferentes das demais. Autistas são pessoas tão especiais e capazes quanto qualquer uma de nós, e merecem respeito, consideração e oportunidades.
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Direitos autorais da imagem de capa: divulgação. Direitos autorais da imagem 1: Estúdio Marães. Direitos autorais da imagem 2: Érica Rezende/arquivo pessoal.