A indulgência como exercício de prática no bem
O Sermão da Montanha de Jesus é um roteiro de como alcançar a verdadeira felicidade. Jesus, vendo uma multidão, subiu à montanha, sentou-se e seus discípulos se aproximaram dele, começando assim a pregar seu famoso sermão ao ar livre (Mt 4-7).
O Sermão da Montanha abrange vários temas e foi, assim como é até hoje, revolucionário! Jesus fala sobre as bem-aventuranças, que é um consolo para nossa alma, um alívio em saber que a verdadeira felicidade não é deste mundo. Tão revolucionário que diz que um dos caminhos para felicidade é “amai vossos inimigos”. Em uma época de muita intolerância, pregava o amor, o perdão. Além disso, foi o exemplo vivo de suas pregações. Andava com os pobres, enfermos de todos os tipos, os excluídos da sociedade.
Passou-se mais de 2 mil anos e ainda não conseguimos entender, quiçá praticar seus ensinamentos, por isso estamos ainda reencarnando em um planeta de provas e expiações, o segundo na escala evolutiva dos planetas (à frente só dos planetas primitivos).
O momento é de transição. A Terra está passando e sofrendo os efeitos da transição planetária, estamos caminhando para a terceira escala evolutiva, que é a da Regeneração. Como merecer reencarnar em um planeta mais evoluído?
No mínimo, se aprendermos a ser fraternos. O conceito mais simples de fraternidade, que se encontra no dicionário, é que “fraternidade é o afeto de irmão para irmão”, ou seja, nas palavras de Jesus “amar ao próximo como a si mesmo”, isso inclui todo mundo, sem distinção. Inclusive os inimigos.
Mas como conseguiremos ser fraternos? Como tudo nessa vida, podemos aprender e exercitar! A doutrina Espírita nos sugere a reforma íntima. Olharmos para nós mesmos, nos conhecermos, para que assim, transformemos nossos vícios em virtudes.
Neste artigo, sugerimos a prática da Indulgência, como um exercício de reforma íntima e autoconhecimento, para aprendermos um pouco sobre fraternidade. É no exercício do bem que seguiremos os passos de nosso Mestre Jesus.
O que é Indulgência?
Consultados pelo Codificador Allan Kardec, sobre qual o conceito de caridade como entendia Jesus, os espíritos declararam: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas” (Questão 886, O Livro dos Espíritos).
Antes do perdão, existem duas atitudes fundamentais que expressam o amor em movimento – a benevolência e a indulgência. Perdão só será necessário quando não aplicamos as duas.
A benevolência tem como sinônimo a misericórdia.
Benevolência é aplicar a bondade ou o bem a alguém. Nas relações humanas, ser benevolente é focar incondicionalmente os aspectos positivos de alguém. Essa é a maior fonte de proteção para não nos ofendermos, porque a ofensa, em um conceito mais prático, significa penetrar e remexer com nossa própria sombra.
No entanto, quando não conseguimos isso, ainda temos outra chance antes de não nos enquadrar nas grades da ofensa. É a indulgência. Como conceitua José, Espírito Protetor, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo X, item 16: ‘A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los. Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente (…)”.
A Indulgência implica não em fechar a mente para a percepção dos erros alheios, mas, apesar de vê-los suavizar nossas críticas e censuras, simultaneamente, destacar os aspectos positivos daqueles que os cometem.
Ser indulgente é tratar com menos severidade os erros alheios do que os nossos, “atire a primeira pedra quem estiver isento de pecados”!
Para ser indulgente requer autoconhecimento pois, sabendo o quanto é difícil para nós transformarmos nossas sombras em luz, entenderemos que para nosso irmão também é.
A indulgência é mais ampla que o perdão, pois à medida que evoluímos, não nos sentimos magoados. A indulgência se expande, à medida que o perdão se encolhe. Se compreendermos que nosso irmão é falho como nós, que está imperfeito ainda, e que toda sua ignorância vem dessa imperfeição, então não nos sentimos ofendidos com nada.
Sendo assim, a indulgência é a capacidade de compreender os erros cometidos por outro, devido às fraquezas morais, que também possuímos. É uma virtude em que o espírito, a partir do autoconhecimento, passa a entender e a sentir compaixão pelo seu próximo. O espírito abandona o orgulho, ou seja, o sentimento de superioridade que alimenta em relação aos outros. Entende-se, sobretudo, que todos guardam dentro de si a capacidade de se melhorarem, e assim, passa-se a ver os outros com os olhos carregados de amor. Por isso, “a indulgência é a virtude da compreensão “!
Então, meus irmãos, vamos todos praticar a indulgência?
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