Só fique aqui, fique aqui e me deixe deitar no seu peito para eu ver se ainda sei contar as batidas que seu coração dá.
Agora não é sobre paixão ou beijo, é sobre abraço, é sobre tudo o que podemos viver dentro de um abraço. É sobre o quanto eu me sinto bem dentro de um abraço e sobre o quanto eu gosto de abraçar.
Se nós dois fizermos bem um ao outro, nós dois venceremos no início, no meio e no fim.
Abrace-me e fique aqui por um tempo, sem pressa de ir embora. Eu sei que há um monte de problemas para resolver lá fora, sei que é muito simples reduzir a vida a abraços, mas de todo esse resto eu não quero saber agora, eu só quero perder as horas dentro do seu abraço. Eu me sinto tão mais seguro dentro de um abraço, parece um escudo a me proteger das energias ruins e, ao mesmo, uma fortaleza para erguer a peteca que eu não consigo segurar. Por essas e por outras, abrace-me!
Abrace-me para eu abraçar você também. Ninguém consegue abraçar sozinho.
Abrace-me para eu fazer com você o que eu gostaria que fizessem por mim, afinal eu sei bem como fazer bem a outro alguém. Venha aqui para eu abraçar você e fingir que o relógio parou, só para você sentir menos o peso todo da vida em suas costas.
Abrace-me do seu jeito, seja colocando um braço sobre um dos meus ombros ou os dois na minha cintura. Ou até com um braço só. Abrace-me no momento do trovão e ao nascer do Sol. Deixe-me enroscar nesse nó que é o nosso abraço. Respire devagar em meu pescoço. Cole seu coração no meu. Deixe-me colocar uma das minhas mãos na sua nuca e circular meus dedos em seu cabelo. Pode ser em pé, pode ser sentado, pode ser deitado. Pode ser de qualquer jeito, desde que esse jeito seja um abraço.
Um abraço que combine o nosso cheiro.
Eu não sou aquele que vai resolver seus problemas, mal sei lidar com os meus. E talvez isso seja algo que descobrirá sozinha, mas eu lhe garanto que um abraço nosso por dia, um meu para você, um seu para mim, um abraço de nós dois pode nos fazer enfrentar melhor a parte ruim de viver. Um abraço que combine o nosso cheiro.
Talvez você não entenda, talvez nem eu mesmo entenda, e talvez a graça seja não entender nada mesmo. Não é sobre entender algo, é sobre fazer algo. Não quero lhe apontar o dedo e dizer o quanto falhou, não quero esgotar sua energia que a vida tanto suga, eu quero que nos abracemos, quero falar atrás do seu ouvido. Quero a beleza cega de um abraço de olhos fechados. E quero por nós dois.
Abrace-me! Eu quero abraçar mais você. Quando nos encontrarmos, quando nos despedirmos, quando dormirmos, quando nos esbarrarmos no corredor entre a sala e o banheiro, e quando viajarmos. Eu quero abraçar você.
Não quero a vida sem o grande valor do pouco que é um abraço.
Direitos autorais da imagem de capa: Candice Picard/Unsplash.