Você acha que é um salvador?
Uma pessoa, quando criança, muitas vezes, faz o papel de salvadora dos seus pais, ela quer ajudar os outros, mesmo não sendo requisitada. Dessa maneira, envolve-se numa dinâmica nada saudável, a do chamado triângulo dramático de Karpman, em que as pessoas triangulam entre os papéis de vítima, salvador e perseguidor (pai e mãe fazendo papel hora de perseguidor, hora de vítima, e a criança sendo a salvadora de um deles ou dos dois).
O que essa criança pretendia, na verdade, era salvar o casamento de seus pais e livrá-los das brigas, pois inconscientemente se sente culpada por seus desentendimentos ou até mesmo pela separação do casal.
Na visão sistêmica, o psicoterapeuta alemão e descobridor das Constelações Sistêmicas Familiares, Bert Hellinger, mostra que a dinâmica dessa criança em querer salvar os pais é de se colocar acima deles, isso quebra a lei da hierarquia, segundo a qual “[…] quem entrou primeiro no sistema tem precedência sobre quem entrou depois, e que cada grupo tem uma hierarquia determinada pelo momento em que começou a pertencer ao sistema”.
Repisando o triângulo dramático
Quando uma criança se coloca nessa posição superior, não aceita os pais como são, julga seus comportamentos e não entende que eles também passaram por dinâmicas parecidas com seus pais e com quem veio antes deles. Na idade adulta, provavelmente repetirá o padrão do triângulo dramático nas dinâmicas dos seus relacionamentos familiares e profissionais.
Um exemplo comum é escolher ser médico, bombeiro, psicólogo, veterinário ou biólogo para salvar as pessoas e os animais do sofrimento e até mesmo da morte.
Não há nada de errado em querer ajudar as pessoas, o que não podemos é achar que devemos salvá-las dos seus problemas, das suas doenças e das intercorrências da vida. É importante termos consciência de que contribuímos com a vida das pessoas de maneira saudável apenas quando ajudamos aqueles que necessitam e pedem nossa ajuda.
Podemos também pensar que os pais fizeram o que podiam e deram o que tinham para dar a seus filhos, segundo Bert Hellinger.
Se você escolheu uma das profissões acima, saiba que não foi por acaso e, se faz sentido continuar nela, leve adiante esse dom com o intuito de apenas ajudar, mas sem ter a pretensão de salvar alguém da dor ou da morte.
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