Aquilo que é natural, é simples e obedece a um processo na natureza.
Você conhece alguém que passa a vida dando murro em ponta de faca? Pois é, tanto conheço como já fiz muito isso. Tinha um relacionamento ruim, e fiquei 15 anos achando que, com o tempo, tudo ia mudar. Queria mudar o meu pai, pois achava que ele estava sempre errado, e me dei mal, pois percebi que na verdade éramos muito parecidos.
Eu me formei em administração pública com o ideal de ajudar a comunidade e, obviamente, eu me decepcionei. No setor público é a cultura organizacional quem determina o andar da carruagem, e não o meu ideal de mudar o mundo.
E assim, tive muitas frustrações, até que resolvi mudar a estratégia. Em primeiro lugar eu mudei, para então, mudar o mundo, pois essa história de querer mudar o mundo para que ficasse do meu jeito não funcionou. E sabe o que me ajudou?
Saber a origem das coisas. Somente o fato de ter consciência daquilo que posso mudar, ou seja, daquilo que está ao meu alcance mudar, e aquilo que não tenho nenhum controle, fez com que eu gastasse minha energia com aquilo referente à minha vida, ao meu papel no mundo. Isso está relacionado à aceitação das coisas como elas são, e não como eu gostaria que fossem.
Vamos lá, eu explico melhor: aquilo que é natural, é simples e obedece a um processo na natureza. Isso lembra minha gestação e o nascimento da Victória. O desenvolvimento do feto ocorre naturalmente dentro da barriga da mãe, e o nascimento mais natural e normal do bebê seria pelo mesmo local por onde ele foi fecundado. Na hora em que ele estiver pronto para nascer, o corpo da mãe avisa com hormônios. Simples assim em mais de 90% dos casos. Mas, como somos “civilizados”, temos medo do natural e queremos agendar uma cesárea, um procedimento cirúrgico, com risco de óbito 10 vezes maior para mãe e bebê, porque é prático, rápido, e mais “seguro” segundo nossa cultura. Em 15 minutos fica tudo resolvido.
O resultado é o mesmo: o bebê nasce em ambos os casos, mas a forma como acontece e as consequências disso podem ser opostas. E está tudo bem, cada um escolhe o melhor para si.
Outro exemplo muito prático e que todos passamos diariamente: o que você prefere comer quando chega em casa após um dia de trabalho cansativo, uma pizza ou comida de verdade que você teria muitas vezes que preparar? Com certeza, na maioria das vezes, uma pizza, porque é muito mais prático, rápido, ágil, e resolve logo minha fome. Entretanto, você está cansado de saber que entre comer farinha, queijo, embutidos, e enlatados, é muito mais saudável e natural comer o arroz, feijão, salada, carne, legumes e frutas. Pois, nesse caso, você estaria se alimentando de algo que realmente mata sua fome e nutre o seu corpo.
Entretanto, mais uma vez escolhemos o mais prático, e tratamos o que tem origem na natureza, o nosso corpo, de forma mecânica.
E, quando ele adoece falamos que foi culpa da genética, da indústria alimentícia, do governo, do médico, do estresse no trabalho, da família, enfim, damos muitas desculpas para uma escolha que foi nossa.
No decorrer de nossa vida, podemos fazer escolhas que se chocam completamente com o resultado desejado, pelo simples fato de não pensarmos sobre a origem das coisas. Se eu sei que certo alimento é prejudicial para minha saúde, porque eu continuo a comer? Falta de autocontrole, de autoconhecimento, de autoestima, de estudo.
Cito o pensamento de Espinosa, filósofo do século XVII, de que o homem quando não sabe a origem das coisas ele inventa qualquer coisa para justificar uma situação, como, por exemplo, o ditado popular de que “passar embaixo de escada resulta em sete anos de azar”. E assim estão formados nossos dissabores e mal-entendidos.
Pense nisso! O simples fato de saber a real origem do que deseja pode fazer uma grande diferença em sua vida!
Grande abraço!
Direitos autorais da imagem de capa: Lucas Allmann from Pexels