Está tudo pelo avesso, fugaz, em descompasso, em rebuliço, será progresso ou retrocesso? Dormimos cansados, esgotados, sem tempo para refletirmos o que vivemos de bom! Pegamos carona na roda da vida e atropelamos os nossos sonhos, fantasias, projetos, amores e paixões.
A arte de se multiplicar e se perder na sua própria conta…
Hodierno, vivemos muitas coisas de uma vez. Quer sejamos obrigados a participar desse mundo múltiplo, quer estejamos nessa aventura por nossa própria escolha, a realidade é que no meio de muitos pedaços, acabamos, por vezes, com dificuldade de montar o quebra-cabeça da nossa essência e entramos no chamado efeito “bola de neve”, com profusas emoções desconectadas, mas que, na realidade, estão longe de nos trazer a verdadeira sensação de felicidade para os nossos corações.
Mas afinal, o que é felicidade? O que para mim pode ser maravilhoso e realizador, para você pode ser monótono, enfadonho e até mesmo desmotivador.
Que estado é esse que tentamos alcançar ao realizarmos e vivermos algo, que é tão diverso e de cores diferentes entre os seres humanos?
Na realidade, o nosso papel nessa reflexão hoje não é o de entendermos um sentimento tão complexo como a “felicidade” nem as suas diversidades e sim, de tentarmos localizar essa emoção nos nossos diversos pedaços. Chamo de pedaço, mas não no sentido pejorativo e nem com a intenção de subvalorizar algumas das funções, que assumimos no nosso dia a dia, é só uma maneira de tentar fazer com que você leitor, imagine não somente pelas lentes do subconsciente, mas, sim, visualize, cada função sua, no plano real.
Imagine-se por um minuto em pedaços… não despedaçado, por favor! Em todas as funções (pedaços) que você assume diariamente, quantas delas te trazem satisfação? Como está o resultado dessa operação?
A verdade é que você se multiplica com várias obrigações, mas qual o resultado dessa conta? Se é que você tem tempo para fazer conta!
Porque se nem a conta nós fazemos, ficará impossível tirar a “prova dos nove” ou “prova real”! Vamos levando… empurrando… tocando… e, parafraseando Milton Nascimento na música Clube da Esquina II, “… e o rio de asfalto e gente, entorna pelas ladeiras, entope o meio-fio…”. Dói o pé e trocamos de sapatos, está pesado e trocamos de bolsa, não deu para almoçar e comemos um lanche, tomamos café em pé e damos aulas sentados etc., são tantos exemplos que nem temos tempo para imaginar!
Está tudo pelo avesso, fugaz, em descompasso, em rebuliço, será progresso ou retrocesso?
Dormimos cansados, esgotados, sem tempo para refletirmos o que vivemos de bom ou que precisamos mudar na nossa rotina! Pegamos carona na roda da vida e atropelamos os nossos sonhos, fantasias, projetos, amores e paixões. E ainda tem quem acredite que viver assim é normal! Estamos condicionados a acordar para a “batalha da vida” temos que matar o “pobre” do leão a cada dia! Ainda bem que é um por dia, senão não teríamos mais a espécie para apreciar. A regra internalizada, de que a vida é uma luta, nos condiciona a usar uma armadura para nos proteger, a esconder os trabalhos nas gavetas, a pedir segredo em tudo que falamos e, por vezes, acabamos magoando e nos distanciando de pessoas que só queriam o nosso bem e, para piorar o cenário… estamos sempre com “a pulga atrás da orelha”!
É triste, mas perdemos o resultado da nossa própria conta, não conseguimos mais ponderar, a regra é fazer por fazer e quanto mais fazemos, mais se multiplicam as obrigações!
Talvez seja a hora de gritarmos: chega de leões, pulgas e luta! É hora de ver o pôr do sol sem exibir lindos e enormes óculos, sorrir lendo gibis sem se preocupar qual o clássico que estão lendo no momento, registrar pelas nossas lentes os cabelos assanhados e não os chachos trabalhados, rir das palavras ditas erradas e se afastar dos discursos formados e perfeitos, abraçar em vez de somente apertar as mãos, dançar livremente sem pensar na coreografia, dizer EU TE AMO sem se preocupar no que vão pensar sobre você, piscar o olho para paquerar o momento, dar beijinhos nos seus encantos, se entregar aos seus sonhos pois, pegando carona ainda na música supracitada:
“Os sonhos não envelhecem…”, mas é preciso tirar um tempo para sonhá-los!
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