Segundo Buda, nossos maiores inimigos são os nossos próprios pensamentos.
Agradar o tempo todo ao outro e se preocupar com ele é vício. Boff destaca que “a liberdade começa na própria consciência”.
Que estamos num mundo afogado em um egocentrismo virtual, emocional, físico e psicológico não é novidade para ninguém que participa tanto como narrador-observador ou personagem da crônica da vida. Organizadores de uma famosa rede social retiraram o número de curtidas como forma de resguardá-los dos possíveis danos psíquicos causados pela necessidade da aceitação do outro. Um exemplo mínimo de que o outro exerce grande influência na formação do eu. Seria o outro ou o eu que permite isso?
Vez ou outra, encaramos precipícios, vulgo conflitos internos, com direções antagônicas. De um lado, temos o vale da depressão, com o seguinte dizer: “Eu não sou deste mundo, não consigo me adaptar.” Do outro, o vale da coragem: “Não se deixe levar pelo exemplo do outro, levante e ultrapasse todos os seus limites, mesmo que isso seja contra a sua vontade.”
Num caminho ou noutro, pegamo-nos diante de pensamentos que massacram nossa alma como inimigos invasores. Diante de tantas crises existenciais, é mais fácil aceitar a própria loucura para entender a loucura do outro. É mais fácil aceitar os paradoxos inerentes à alma para se culpar menos e harmonizar o sentir (emocional) com o racional, isso significa dizer que é importante também ter autocuidado, ou seja, ser generoso consigo mesmo e não se cobrar perfeição e fraternidade com o outro, quando isso infringir a sua vontade.
Faz parte da tentativa de manter o equilíbrio aceitar que você não é a melhor pessoa do mundo, pois está encarnado num mundo de provas e expiações. Logo, você não é 100 % luz, por mais autocrítica que tenha.
Como lidar com isso? Aceite os paradoxos existenciais disfarçados de triviais antíteses: sou luz e escuridão, sou positiva e negativa, sou carne e espírito, sou carne e prece, sou esquerda e sou direita, sou emoção e razão, tenho meu lado feminino e masculino.
Isso significa que devo ser uma pessoa conformada com a própria sombra? Não! Podemos ser não só muita luz, mas também trevas. É o tal do livre-arbítrio. Cada um escolhe o que ser e atrair, claro, mas isso significa que devemos nos acomodar às vibes egocêntricas do mundo terreno? Não! Mas julgamentos cansam a própria mente. Isso é desgastante. Às vezes, é bom dizer “não” pelo simples fato de não querer agradar a ninguém hoje.
Seja generoso consigo, cuidar do outro exige cuidar de si primeiro, aceitar-se e sentir mais e pensar menos fazem parte do processo do despertar.
Talvez, uma pessoa se perca tentando se encontrar na outra. Tudo bem fazer o que está a fim hoje, isso não invalida o seu caráter, demonstra que a opressão e o pensamentos abusivos não vêm só do exterior, mas do seu interior.
Segundo Buda, nossos maiores inimigos são os nossos próprios pensamentos. Agradar o tempo todo ao outro e se preocupar com ele é vício. Boff destaca que “a liberdade começa na própria consciência”. Então, “só por hoje” eu estou limpa dessa auto-opressão e vou ser legal comigo mesma, e vou dizer “não” sem me sentir culpada. “Só por hoje” eu vou escrever sobre a autofraternidade. “Só por hoje” – e por quase todos os dias da minha vida – vou me amar sem autocríticas, desde que isso não signifique anular a dignidade do próximo.
O termo cabala (cabalion) significa que receber é tão importante quando doar. Eu diria, aliás, que, para doar, é preciso se curar.
Na filosofia hermética, todos os paradoxos podem ser harmonizados. Imunize-se dos próprios pensamentos e “OM” ou “não… NAUM!”.
#Sóporhoje.
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