Este é um breve conto, que não é de fadas, sobre como se perde um amor no século XXI.
“Ela é incrível”, ele pensava. Só pensava, nunca lhe disse. “Eu me casaria com essa mulher”, ele repetia para si, não para ela.
“Como eu amo esse sorriso!” Ele sorria em silêncio enquanto observava a deliciosa gargalhada dela.”Como ele é lindo!” Ela suspirava calada pelos cantos, enquanto pensava nele o dia inteiro.
“Pena que ele não gosta de mim!”. Entristecia-se em seu quarto.
“Mais uma noite…como sou boba! Só perco o meu tempo!” Ela se convencia.
“Vou chamá-lo para sair!”. Ela disse com entusiasmo.
“Está maluca?! Homem não gosta disso, ignore que ele corre atrás”, sua melhor amiga aconselhou.
“Não posso chamá-la para sair hoje, em plena quarta-feira…darei muito mole. Mas, posso mandar uma mensagem puxando papo, como quem não quer nada”, ele concluiu.
Mensagem entregue.
Mensagem visualizada.
Mensagem não respondida.
“Se eu responder ele não me liga mais…além do mais, está puxando assunto por que, se nem gosta de mim?”. Era ela quem concluía, agora.
“Ela não quer nada comigo. Por que será que eu fico aqui, como um bobo, atrás dela?! Ela não é a única mulher do mundo! Encontrarei coisa melhor. Não vou entregar meu coração para ela pisar em cima.” Ele pensava enquanto se arrumava para a balada. Em plena quarta feira.
Enquanto ela não conseguia dormir, e já pelas tantas da madrugada respondia a mensagem das duas da tarde, ele beijava outra pessoa.
Quando, finalmente, ela pegou no sono, ele chegou em casa. Enquanto ela sonhava com ele, ele jurava que nunca mais pensaria nela. E viu a resposta da mensagem que enviara mais cedo.
Mensagem entregue.
Mensagem visualizada.
Mensagem não respondida.
Amanhece. Sem mensagem de bom dia.
“Como sou boba!” Ela dizia.
“Eu não serei feito de bobo!” Ele se convencia, enquanto mandava mensagem para a moça da noite anterior.
“Eu não tenho sorte no amor”, os dois pensam.
Fim.
Fim de um breve conto de fadas moderno, que não passa de algumas tecladas durante uns dias.
Fim do que poderia ter sido uma grande história de amor, mas onde faltam as palavras, e os gestos, o amor não fica.
O medo de ser feito de “bobo” hoje em dia é tão grande que impede as pessoas de se abrirem, de receberem amor. O orgulho e o ego ganham o duelo. E dessa forma, vamos pulando de galho em galho, transferindo sentimentos, tratando algo tão divino como bijuteria barata, como um mal do qual temos que nos proteger. Banalizamos a única coisa que dá sentido à nossa existência.
Camas cheias; corações vazios. 600 amigos no Facebook e completamente sozinhos.
O amor no século XXI está morrendo de inanição. Por falta de comunicação.
O parceiro(a) não tem uma bola de cristal, nem nós, que estudamos toda a dinâmica da comunicação não verbal, neurolinguistas, que estudamos a comunicação proxêmica, as microexpressões, somos capazes de adivinhar o que se passa no coração do outro. Ninguém é.
Portanto, meus queridos, o recado é direto e reto: fale! Expresse-se, comunique-se! Português claro! Comunicação paraverbal é uma péssima ideia, quando tratamos de relacionamentos.
Mostra que está afim, vá atrás. Ligue! Ligue de novo. Ligue numa quarta…num sábado à noite, numa segunda de manhã. A certeza de levar um “não” ainda é melhor que a dúvida.
As pessoas estão se perdendo por suposições que fazem a respeito do outro. Olha quanto tempo útil de vida estamos desperdiçando à toa, quanta coisa linda esperando para ser vivida, é jogada fora.
Antes de culpar a vida pela sua falta de “sorte”, lembre-se de que Deus cuida do seu cavalo, mas é você quem deve amarrá-lo. A vida lhe traz o amor, mas só você pode decidir se o recebe e abriga ou não.
O amor nunca foi uma questão de sorte. Eu sou categórica em dizer: o amor é muito mais uma questão de VISÃO. De querer. De disponibilidade. De escolha, sim.
Tem amor por toda parte, mas ele não gosta desses joguinhos de ego de hoje em dia. Abra os olhos! Abra o coração! E abra a boca! “Quem não se comunica se trumbica!”
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