Todo ser humano é livre e deve ser o que quiser.
Um professor chegou à sala de aula e disse para os seus alunos:
– Hoje a nossa aula é sobre as cores, como elas se formam e como nós enxergamos as coisas, a vida, o mundo, enfim, o outro.
Um aluno que estava sentado na primeira fileira foi logo perguntando:
– Professor, é verdade que só enxergamos aquilo que queremos?
Depois de um breve silêncio, o professor bebeu um pouco de água, a temperatura estava muito alta naquele dia, na cidade, e, voltando-se para o aluno, respondeu:
Caro aluno, muito obrigado pela pergunta. Você sabia que em filosofia o importante é a pergunta e não a resposta? Sim, o sábio pergunta, enquanto o ignorante responde. Pergunte sempre! Quem pergunta aprende mais. Então, ver é apenas um aspecto físico que está ligado diretamente com o sentido da visão; enxergar é mais complexo, exige esforço.
Estimulado pelo professor, o aluno voltou a perguntar:
– Professor, eu posso ver e não enxergar?
– Claro! Enxergar exige uma atenção maior.
Depois de mais beber mais um pouco de água, o professor continuou:
– Para que possamos continuar a aula, quem pode me dizer quais são as cores primárias?
– Ora professor, essa pergunta é muito fácil, as cores primárias são: vermelho, verde e azul. Misturando essas cores, produzem-se novas cores, por exemplo, combinando vermelho e azul, forma-se o amarelo, e assim por diante.
– Parabéns, você está certíssimo! Você é muito inteligente!
– Caríssimos alunos – continuou o professor –, é importante observar que nossos olhos percebem uma parte das cores: do vermelho, laranja e amarelo até o verde, o azul e o violeta. Ou seja, nós vemos diferentes cores porque a luz de cada cor possui um comprimento de onda diferente.
– Explique melhor, professor, não entendi nada. – pediu outro aluno.
O professor respirou fundo, bebeu mais água e continuou.
– O vermelho tem o maior comprimento de onda e o violeta tem o menor. Alguns objetos, como os sinais de trânsito, emitem luz de uma cor particular, outros objetos são coloridos porque refletem a luz que incide sobre eles, absorvendo algumas cores e refletindo outras. Grama verde, por exemplo, reflete apenas a luz verde.
– Quanto mais o senhor explica, mais eu me complico. – insistiu o aluno.
– Eu também não estou entendendo nada. – disse outro aluno, que foi acompanhado por outras dezenas de vozes.
– É simples – prosseguiu o professor –, quando a luz branca incide sobre um objeto colorido, ele reflete cinco cores diferentes. Sob a luz vermelha, o verde e o azul aparecem pretos e as outras cores ficam vermelhas. Sob a luz azul, o vermelho e o verde aparecem pretos e as outras cores ficam azuis. Sob a luz verde, o azul e o vermelho aparecem pretos e as outras cores ficam verdes.
– Agora sim, estou entendendo – disse outro aluno.
– O que você entendeu?
– É que quando vemos um mundo colorido, é porque os nossos olhos percebem as cores refletidas ou produzidas pelos objetos.
– Muito bem, é isso mesmo! Uma rosa vermelha parece vermelha porque reflete essa luz aos nossos olhos. – falou outro aluno.
– Vamos, falem! Digam o que vocês estão entendendo. Quando falamos o que não entendemos, aprendemos duas vezes mais! – disse o professor.
– O branco é uma mistura de cores, e o preto, a ausência de luz. – disse outro aluno.
E a sala de aula tornou-se um ambiente de partilha, de aprendizagem mútua.
– Isso mesmo, esse princípio se aplica a tudo na vida, principalmente nas relações entre as pessoas.
– Dê-nos, então, exemplos concretos desse conhecimento. – pediu outro aluno.
Devemos olhar o outro como ele é e não da forma como queremos que ele seja. Todo ser humano é livre e deve ser o que quiser. Se agíssemos assim, deixando o outro ser do jeito que ele quiser, o mundo de hoje seria outro, não teríamos tanto preconceito, tanto ódio, tanta exclusão.
E, num discurso emocionado, com os olhos cheios de lágrimas, o professor concluiu a aula dizendo:
– Se eu ensinei algo para vocês hoje, foi isso: devemos olhar o outro como ele é e não como gostaríamos que ele fosse! Enfim, eu estou muito feliz com vocês. Aprendi muito! Vocês são os melhores alunos que eu já tive em toda a minha carreira no magistério. E viva a diversidade de opiniões! – concluiu o professor!
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