Procurar ajuda, cuidar da autoestima e saúde emocional, ter limites, observar-se, aceitar o fluxo da vida e trabalhar a empatia e o diálogo são passos para superação.
“Muitas vezes, pensamos que somos a melhor pessoa do mundo porque agradamos aos outros e não a nós mesmos. Interrompemos nossas atividades para atender ao chamado alheio. Fazemos sempre mais do que os outros nos pedem e, habilidosamente, antecipamos seus desejos e abrimos mão dos nossos com extrema facilidade. Depois ficamos chateados quando os outros não fazem o mesmo por nós!” (Relato retirado do site do Codependentes Anônimos – Coda)
Parece-me, em alguns momentos, que o conceito de altruísmo e bondade estão sendo mal interpretados e mal utilizados. Nós nos esquecemos de que a boa ajuda é aquela que não prejudica nenhuma das partes envolvidas e que tem como finalidade ver a satisfação e o bem-estar do outro.
Então qual seria a diferença entre bondade, altruísmo e codependência?
Na bondade e no altruísmo, a pessoa geralmente oferece aquilo que ela tem, por boa vontade, sem intenção, e se sente recompensada e feliz pelo simples fato de ter propiciado algo de bom ao outro. Na codependência, a pessoa oferece o que ela não tem, com a intenção de ser bem-vista, querida e amada, esperando recompensa e gratidão no final das contas.
O codependente tem um limite elástico que o vai tornando permissivo, até que, em algum momento, a situação se torne insustentável. Aos olhos dos desavisados, o codependente parece uma pessoa espiritual, bondosa, generosa e compassiva, está sempre ajudando a todos, nunca diz “não”, é sempre solícito, porém somente na intimidade mostra a verdadeira face dessa “generosidade”, através de cobranças, vitimizações e chantagens emocionais. Ressente-se, quando o resultado de sua bondade não atende às suas expectativas.
Todo esse esforço e manipulação têm por objetivo fazer com que o outro permaneça. Como o codependente sente-se muito inseguro, controlador e dono de baixa autoestima, ele não acredita que as pessoas possam ficar ao seu lado pelo que ele é, mas sim pelo que ele faz, por isso precisa sempre fazer algo para que as pessoas permaneçam ao seu redor.
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Quando conseguimos ficar em paz em nossa própria companhia, estar com o outro vira uma questão de escolha e não de necessidade, sendo assim a relação fica mais leve, pois mesmo que o outro decida ir embora, em algum momento, eu sei que eu estarei comigo para me apoiar!
Porém quando estamos enfraquecidos internamente, machucados e com baixa autoestima, acabamos precisando que o outro permaneça na relação para evitarmos ficar a sós com nós mesmos. Quando ficamos sozinhos, não temos a quem culpar ou em quem projetar nossas insatisfações, e ainda temos de dar conta de sentimentos que, muitas vezes, são difíceis de serem vivenciados. Ficar fixado em outra pessoa também nos “ajuda” a evitar esse contato mais profundo com as próprias emoções.
Se você identificou que tem comportamentos codependentes, o que pode fazer para se recuperar e sair dessa situação?
Seguem abaixo alguns caminhos para ajudar você a iniciar um lindo processo de resgate de si mesma, de autoestima e saúde!
Assumir que precisa de ajuda: toda grande mudança começa com a aceitação de quem somos e de onde estamos. Reconheça que está sofrido e não está funcionando dessa forma.
Invista em saúde emocional: fazer terapia e buscar grupos de apoio podem ajudar você a encontrar a porta de saída para essa dificuldade. Pedir ajuda pode ser um grande ato de coragem e o início de um processo de cura. Só saberemos lidar com as emoções dos outros quando primeiramente pudermos lidar com as nossas – um relacionamento pleno com o outro começa com um relacionamento pleno conosco. Com um trabalho sério, amoroso e cuidadoso, será possível visitar e atravessar dores que podem estar nos machucando há anos.
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Cuide da autoestima: comece a fazer programas e desenvolver hábitos que lhe tragam nutrição por si só. Cultive atividades interessantes e cuide de sua saúde emocional e física. Aprenda a ficar feliz na própria companhia, convide-se para sair e tenha encontros especiais com você mesmo. Nossa autoestima não aumenta por acaso, é necessário que haja investimentos e disciplina nesse processo.
Limites saudáveis: aprenda a respeitar os seus limites, a dizer “não”, a cuidar de você e de suas necessidades, assim como a aceitar os limites do outro. Lembre-se de que os seus direitos terminam quando começam os direitos do outro. Aprenda a respeitar o direito do outro de dizer “não”. Aprender a aceitar os “nãos” que a vida e o outro constantemente dizem pode fazer milagres em sua vida! Uma relação em que os limites estão bem definidos e são respeitados é com certeza mais amorosa, saudável e feliz.
Diálogo: aprenda a expressar seus desejos e necessidades, é importante que você diga o que quer e o que não quer, e comece a escutar o outro. Exercite calar-se e respirar, enquanto o outro fala, mesmo não concordando e acreditando que ele se prejudicará.
Trabalhe a sua empatia; o outro também existe: perceba que o outro também tem sentimentos, dores e necessidades, assim como você. Faça acordos, negocie e procure chegar a soluções boas para ambas as partes. Ao fim de uma boa negociação, as duas partes devem sair satisfeitas.
Aceitar o fluxo da vida: aceite que a vida tem o próprio fluxo e que muitos de nossos desejos e apegos, às vezes, estão em discordância com os desígnios da vida. Recorra à espiritualidade, se for preciso, para entender que a vida tem seus próprios caminhos e que esses estão, muitas vezes, fora de nosso controle. Trabalhe sua aceitação diante das mudanças, do novo e do incontrolável, você pode se surpreender ao perceber as maravilhas que a vida pode lhe trazer se estiver na confiança.
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Auto-observação: comece a perceber suas atitudes, intolerâncias, dificuldades, comece a perceber quando estiver tentando manipular as situações e pessoas, de acordo com a sua vontade. A auto-observação pode fazer milagres em um processo de mudança e também nos ajuda a perceber que sempre podemos escolher fazer diferente, se o modo como agimos nos prejudica e também as nossas relações. Você prefere ser feliz ou ter razão?
Lembre-se de que quem se dedica a passar a vida controlando o outro perde o controle da própria vida. Desapegue e retome as rédeas da sua vida e solte as rédeas da vida do outro, foque em você e deixe a vida seguir o seu fluxo. A sabedoria da vida está muito além do que podemos enxergar, e você pode se surpreender com os resultados ao se permitir fluir com a vida e ao permitir que o outro também flua!
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