A gente não tem que forçar a barra, não, o que a vida nos tiver reservado, de verdadeiro, de enriquecedor, vai de alguma maneira chegar. As coisas vão acontecer se tiverem que acontecer, sem a nossa participação “desesperada”.
Faz parte da realidade de milhares de casais a ausência de sentimentos reais, de afeto, de vontade em estar junto, de amizade, tudo que os une é a tal da conveniência. O pensamento mais raso é: estou sozinha, você também, vamos ficar ou nos relacionar e “vamos ficando”.
A era dos relacionamentos vazios é a mais fácil de lidar. Mas será que realmente é? Sair numa noite, conversar, como se houvesse uma amizade há séculos, mas é só sensação, porque, na real mesmo, ninguém chegou nem perto do universo um do outro. Esses encontros podem durar meses, anos, um tempo que não volta atrás e… foi só vazio.
Foram compartilhados apenas espaços físicos, trocas de carícias que só levaram mesmo ao raso prazer, porque ninguém chegou nem perto de uma identificação real, dessas que a gente tem raríssimas vezes na vida.
Algumas pessoas fazem até pactos implícitos, ninguém diz que está fazendo uma aliança de solidão, mas é assim que é, seguem de mãos dadas e de corações e almas distantes.
São só conversas, beijos, curtição, umas risadas e só. São só momentos, desses que, se não tivessem existido, não fariam qualquer diferença. Falo por experiência, quantos “encontros” vazios mantive por algum tempo? Tempo que não volta, mas que hoje eu gostaria de ter poupado e aproveitado com experiências enriquecedoras de verdade. Mas, claro, como eu poderia pensar nisso se não tivesse essas experiências? Sim, essas furadas ao longo da vida nos servem para alguma coisa.
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Tanta gente compartilha tempo e se coloca em um compromisso de vazio mútuo. Jamais chegam perto de se conhecer. Muitas dessas pessoas se fundem em um laço que tem como promessa existir até a morte e, para muitas, a morte se torna muito mais atrativa.
Sei que pareço uma espécie de Grinch dos relacionamentos escrevendo assim, mas eu realmente acredito em uniões especiais, enriquecedoras, em relacionamentos profundos.
Só acho que a gente perde muito tempo, por um excesso de carência, porque queremos nos unir a um semelhante em estado de perdição parecido com o nosso.
E o tempo passa, e poderíamos ter “ganhado” tempo apenas conosco, vivendo experiências únicas dentro dos nossos momentos de solidão, tão fundamentais!
Esses dias novamente vi o filme “O diário de Bridget Jones”, revi a cena clássica quando a Bridget entra no escritório do Daniel depois de flagrá-lo com outra mulher. No diálogo ele diz resumidamente que tanto ele quanto Bridget já estão “numa certa idade” e que ele queria dar um jeito na vida dele, ficando noivo de uma pessoa que ele sequer conhecia bem, mas era como uma espécie de “última chamada”.
E assim é, muitas pessoas preferem mascarar a si mesmas e encarar um relacionamento vazio, grande parte perde a identidade, literalmente. E assim o tempo vai passando, um tempo que poderia ter sido muito enriquecedor, se tivesse sido aproveitado na sabedoria de estar só.
Porque mesmo nos nossos relacionamentos sociais, estamos sozinhos, no fundo somos só nós e nós.
Se tem uma coisa que aprendi para tentar minimizar a perda do meu tempo nos próximos anos é não prolongar os relacionamentos vazios, sejam amizades, sejam encontros amorosos, enfim, aprendi com tantos tombos e descaracterização do meu próprio eu que é muito importante ser, de forma única e independente de qualquer pessoa.
Não percamos mais o nosso tempo com relacionamentos vazios, com momentos que “parecem” de união, mas que, na verdade, representam a união de dois abismos. A gente não tem que forçar a barra, não, o que a vida nos tiver reservado, de verdadeiro, de enriquecedor, vai de alguma maneira chegar. As coisas vão acontecer se tiverem que acontecer, sem a nossa participação “desesperada”.
Não sejamos parte do que já é tão miseravelmente vazio. Não sejamos fracos a ponto de não conseguir reconhecer o quão especial é essa intimidade com a nossa própria alma e personalidade.
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Direitos autorais da imagem de capa: filme “O diário de Bridget Jones”.