Nos dias atuais, estamos cada vez mais perdidos e tristes, mergulhados em nossas próprias angústias. Tornamo-nos cada vez mais reféns de nossas próprias tristezas. O mundo se torna dificultoso e triste.
Diante dos obstáculos, nós nos colocamos na defensiva, temos a tendência em resolver sempre como entendemos ser correto, não nos importando se nesse processo existam mais pessoas ou situações envolvidas. Ficamos presos à nossa interpretação e às nossas vivências.
Afogados em nossas mágoas e sensação de derrota, iniciamos um processo de destruição pessoal.
É como se o obstáculo fosse a nossa única razão de viver, nascemos, então, predestinados a viver sempre nessa ciranda de problemas. Gastamos nosso tempo, energia, momentos e, às vezes, uma vida inteira “dando murro em ponta de faca”, sem perceber que nós somos os únicos responsáveis pelos nossos ferimentos e nossas cicatrizes.
Este problema passa a ser tão importante, que tudo em nossa vida começa a girar em torno dele. Deixamos de sair, porque estamos triste; ficamos chatos, pois temos o pensamento fixo no nosso grande obstáculo; adoecemos, perdemos peso, ganhamos peso, desenvolvemos até doenças concretas, como ansiedade, depressão e pânico.
Quanto gasto de energia desnecessário!
Existem pessoas que passam uma vida perdida, correndo atrás de problemas, sem nunca os resolver, sentindo-se frustradas ou incapazes. Não conseguem entender que os problemas são obstáculos para sem serem transpostos, não vivenciados, remoídos em toda a sua intensidade.
Esta dificuldade pode nos levar para o fundo do poço, o que não percebemos é que este poço foi cavado é cavado pelas nossas próprias mãos, às vezes tão fundo, que fica difícil até alguém conseguir ajudar. Torna-se impossível, perdendo-se muito tempo divino de vida sapateando em cima da mesma coisa.
Gosto muito desta frase:
“Problemas não existem, pois se têm solução deixam de ser um problema e se, também, não têm solução, também não são um problema”.
Temos que brigar menos com a vida, entender que temos experiências, estas algumas vezes são boas, outras vezes, são ruins. O grande problema é a intensidade com que vivenciamos nossos obstáculos, como somos influenciados por eles e, muitas vezes, ficamos paralisados.
Diante de um obstáculo, nós nos esquecemos de nós mesmos, esquecemos de tudo de bom que a vida tem para nós. Perdemos a paciência de esperar a tempestade passar, não procuramos outras soluções, não valorizamos nossas conquistas, mas vivenciamos nossas derrotas, não vemos nossas qualidades, reforçamos nossos defeitos, perdendo a capacidade de sermos bons. Nós nos castigamos, como se não fôssemos merecedores do melhor.
Muitos de nossos sentimentos de medo e frustração são desproporcionais ao obstáculo, ele é fruto de nossa própria consciência. Quem nunca se sentiu só dentro de casa, porém, se tivesse saído à porta, provavelmente encontraria um conhecido ou um vizinho para conversar. Ficamos reféns muitas vezes da intensidade com que colocamos no obstáculo.
Este fato é muito fácil, quando temos contato com pessoas que vivenciam uma doença grave, algumas sempre otimistas, fazem com cada pequeno avanço seja uma grande conquista, valorizam cada minuto vivido, outras trataram o fato como uma maldição na vida, como se ao se punirem, diminuíssem a doença, vivenciando dias terríveis. O que nos fica claro é que o mais importante não é o obstáculo, e sim como interpretamos, como colocamos nossa fé e nossas vivência. Diante do obstáculo, temos duas possibilidades: uma boa e outra ruim, a escolha sempre será pessoal e a consequência também.
Nesta vida, devemos aprender a não ter medo, nem expectativa do dia do amanhã, pois nada deve ser mais precioso que viver intensamente o dia de hoje. Passar por obstáculos nos dará a possibilidade de aprendermos a ser melhores, mais humanos, a termos a possibilidade de compartilhar.
Ao olhar para um obstáculo, é melhor que nos afastemos um pouco dele, para podermos ter uma visão do todo, e assim colocar menos emoção e mais razão e ação.
A emoção deve ser deixada de lado, pois ela sempre colocará muita intensidade emocional, o que nos dificulta tomar a melhor atitude.
Teremos menos problemas, quando formos mais generosos. Quando a generosidade for a nossa ferramenta para sobrevivência, saúde e paz. E que a generosidade comece por nós, que sejamos menos críticos conosco e com o mundo, dando ênfase àquela velha frase: “Cada uma dá o que pode”. Inclusive, nós podemos oferecer o nosso melhor ou o nosso pior, a escolha é individual.
Nos dias atuais, devemos viver mais, amar mais e entender que não temos problemas, temos obstáculos, e estes nos ensinam a ser melhores, mais fortes e mais humanos.
Entendemos quando olhamos as crianças, elas agem não olhando para o problema, mas buscando a felicidade. Basta uma criança olhar para outra e instantaneamente elas estão dando gargalhadas, num passe de mágica, sem trocar uma única palavra, saem correndo, demonstrando o verdadeiro sentido da felicidade.
Em suma, se queremos diminuir nossos problemas, temos que entender que eles não são problemas, são obstáculos que podem ser transpostos.
Segundo, devemos nos afastar para termos uma visão melhor e diminuir a intensidade emocional que colocamos no mesmo. Por último, devemos ser generosos, cobrar menos do mundo e nós próprios.
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