Há alguns dias, eu estive na Receita Federal e encontrei um senhor vendendo biscoitos e panetones na recepção.
De repente, ele anunciou: Faltam esses três pacotes de biscoitos para eu ir embora. Vendo os três pacotes por dez reais.
Quando fui pegar o dinheiro para comprar, um rapaz se adiantou e pediu primeiro que eu. Fiquei um pouco triste, pois passava de 13h e eu estava com fome e não sabia se seria atendida logo.
Mas algo me chamou atenção naquele homem e resolvi fazer algumas perguntas. Então, comecei perguntando se era ele que fazia os biscoitos. Ele respondeu que sim. Imediatamente perguntei a sua idade e ele prontamente respondeu que tinha 73 anos.
Sinceramente, não aparentava. Eu dava uns 60 anos para ele. E com esses meus questionamentos, de repente, estava aquele homem contando a história da vida dele para todos os presentes naquela recepção.
Ele disse que tinha dois filhos, um médico e outro advogado. Que os filhos já tinham pedido para ele parar de vender biscoitos, mas ele não queria porque era o que ele gostava de fazer.
Não era pela necessidade, e sim pela o prazer que ele sentia em vender seus próprios biscoitos.
Ele disse que já tentou vender em supermercados, mas quando viu o valor que os supermercados cobravam pelo mesmo pacote de biscoitos achou um absurdo. E falava de juros abusivos com uma propriedade de fazer inveja a qualquer economista.
Pois é, quem olhava para ele não imaginava que daquele homem vinha tanta instrução. Fazia o que gostava, mesmo com os filhos pedindo para ele parar. E percebia-se nitidamente que ele era feliz com o que fazia.
Aprendeu a fazer com um italiano que tinha uma padaria onde ele era empregado. O italiano foi embora por conta dos altos impostos que pagava e, para não o deixar na mão, passou as receitas como gratidão pelos serviços prestados.
Então, esse senhor abriu o seu negócio e, com o dinheiro desses biscoitos e panetones, criou e formou os seus dois filhos.
De repente, quando olhei para a recepção da Receita Federal, percebi que todos estavam prestando atenção em nossa conversa. Todos admirados com tanta educação e cordialidade desse senhor. Tenho certeza de que se ele tivesse mais biscoitos teria vendido tudo.
O rapaz que comprou os três pacotes de biscoitos acabou dividindo os biscoitos com todos que estavam na recepção, prestando atenção na fala desse senhor. Não passei fome e realmente estavam deliciosos.
Foi a primeira vez que sentei para esperar algo e não vi ninguém ao celular. Todos estavam interessados em ouvir a história daquele senhor que, aos 73 anos de idade, gostava de fazer biscoitos e panetones e vender pessoalmente.
Ele realmente quebrou o ambiente sombrio e nada convidativo da Receita Federal, mostrando para todos os presentes que, é possível viver bem e fazer o que gosta com simplicidade e muita simpatia. Sem falar da aula gratuita de economia que tivemos.
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