Estudo publicado no periódico Diabetes, Obesity and Metabolism mostra que quase 15% dos pacientes analisados foram diagnosticados com diabetes após recuperação da covid-19.
Uma força-tarefa composta por cientistas, pesquisadores e médicos vem sendo empreendida mundialmente para tentar compreender o novo coronavírus a fundo. A doença recente já vitimou mais de 2 milhões e 300 mil pessoas no planeta e infectou quase 110 milhões. O maior receio dos pacientes de covid é em relação aos fatores de risco para o desenvolvimento de um quadro grave da doença.
A diabetes é considerada um dos fatores de risco que podem aumentar as chances de o indivíduo contaminado com coronavírus ter piora em seu quadro de saúde. O açúcar, em todas as suas variações alimentares, é uma das principais fontes de energia das nossas células. E, para que essa energia consiga ser aproveitada pelo nosso organismo, é necessário que a insulina entre em ação, reduzindo o índice glicêmico no sangue.
Alguns indivíduos com deficiência no pâncreas param de produzir o hormônio, fazendo com que os seus anticorpos ataquem qualquer célula que tente produzir a insulina; outros enfrentam diminuição na quantidade de insulina produzida pelo corpo e, consequentemente, uma resistência ao hormônio, fazendo com que os níveis de açúcar no sangue subam.
Um estudo publicado no periódico Diabetes, Obesity and Metabolism, em novembro de 2020, mostra que, dos 3.711 pacientes analisados, 14,4% foram diagnosticados com diabetes depois de se recuperar da covid-19.
Em alguns casos, os autores da pesquisa relatam que o paciente já poderia ter diabetes e não saber até o momento em que precisou ficar internado, como relata o Insider.
Mas outras evidências mostram que o coronavírus pode agravar problemas de saúde relacionados ao metabolismo, que existem na diabetes tipo 2. O professor de endocrinologia da NYU Langone Health, Jose Aleman, revela que situações estressantes podem elevar a quantidade de hormônios reguladores que aumentam o açúcar no sangue. Isso acontece porque esses hormônios querem ajudar o corpo a enfrentar qualquer doença ou dor.
Essas situações estressantes podem ser pré-diabetes, obesidade, resistência à insulina ou mesmo pressão alta. Isso dá um indício de como o coronavírus tem atuado nesses novos casos de diabetes tipo 2, mas não explica o surgimento de diabetes tipo 1 nos pacientes. Para Jose Aleman, a melhor explicação é que a covid pode fazer com que o sistema imunológico aja de forma excessiva, destruindo algumas células importantes, enquanto luta contra o vírus.
Uma das grandes descobertas dos pesquisadores é que o coronavírus, ou a forma como o corpo responde a ele, pode fazer com que as células beta do pâncreas sejam interrompidas, criando o cenário perfeito para a diabetes tipo 1. Os pacientes com distúrbios autoimunes e as pessoas idosas, com problema no sistema imunológico, estão em risco.
Aleman explica que esses pacientes curados da covid-19, com diagnóstico de diabetes, devem ser monitorados e tratados de forma adequada, a fim de se averiguar a possibilidade de outro distúrbio relacionado à doença.
Ele ainda relata que esse é o momento em que todos estão observando a interseção entre uma doença transmissível e uma não transmissível.
Para o professor, essa deve ser encarada como uma das complicações em longo prazo do vírus, e ele recomenda que as pessoas com predisposição a diabetes, ou em risco de desenvolver a doença, já comecem a se tratar, de forma preventiva, contra outras subjacentes, como a obesidade e os altos níveis de açúcar no sangue.
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Direitos autorais da imagem de capa: Depositphotos.