Outro dia li uma frase que me fez dar boas risadas, apesar do sentido profundo e muitas vezes doído que ela carrega em si: “A vida não é um cursinho de inglês em que a pessoa fala devagar para você entender. A vida é um cara do interior do Texas.”
Sim, aposto que você deve ter sorrido também. É aquela velha história: às vezes, na vida, é rir para não chorar mesmo, como naqueles dias em que tudo parece dar errado para você, até que piora. Você verbaliza em alto e bom som o quanto não falta mais nada pra te acontecer naquele momento.
E acontece. O pneu do carro esvazia, o seu celular cai com tudo dentro do vaso sanitário, a máquina de lavar estraga justo naquele mês em que você estava mais apertado de grana, uma bicicleta te atropela enquanto você fazia caminhada, a luz apaga quando você tinha acabado de entrar no elevador, te assaltam na boca do caixa eletrônico, seu filho pega piolho ou briga na escola, enfim. Coisas da vida, daquelas que a gente vai contornando daqui e dali, às vezes sorrindo, às vezes chorando, às vezes fingindo que não é com a gente.
Até que tudo parece virar do avesso. E aqueles problemas que antes pareciam complicados demais, transformam-se em quase nada diante de algo que a gente simplesmente não consegue entender.
Porque tem isso, não é? A vida acontece de um jeito e a gente não entende. Não entende o porquê de determinadas coisas terem sido da maneira que foram. Não entende por que com ele, por que com ela, por que com a gente, por quê?
É que às vezes a vida machuca, a esperança dói, a luz no fim do túnel se apaga e tudo parece difícil demais. Por quê? A gente se pergunta. Mas, naquele momento de desespero ou de revolta, ninguém nos responde. Nem a nossa própria voz.
O que eu ainda preciso aprender com essa situação? O que isso que aconteceu comigo quer me mostrar?
Qual é a grande lição que esse acontecimento me trouxe, mas que meus olhos ainda não conseguem enxergar?
Quando eu começo a mudar o meu olhar sobre todas as coisas, é como se eu começasse a entender aquele cara do interior do Texas por aquilo que ele não diz. Pelos gestos, pela expressão, pela velocidade ou pela entonação do discurso, pelas pausas aqui e ali, pela forma como ele se direciona a quem o escuta, por todos os silêncios, por tudo aquilo que a palavra não é capaz de falar.
E então eu começo a compreender melhor aquele sotaque, pescar uma frase daqui e dali, montar o meu quebra-cabeças e seguir em frente com tudo aquilo que eu ainda não entendo mesmo. E está tudo bem.
Porque a vida é mesmo um não saber de uma porção de coisas que, um dia, ainda farão sentido pra gente. Talvez não agora. Nem daqui a 5 ou 10 anos.
Mas, olha, um dia você vai entender o porquê de tudo ter sido exatamente do jeitinho que foi. E vai sorrir outra vez. Eu lhe prometo.
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