Depois de me martirizar sempre por coisas que não consigo mudar, sofrer e achar o mundo injusto, resolvi reprogramar meu cérebro, mudei algumas coisas.
Mas, para chegar às principais conclusões, tive de fazer,a mim mesma, perguntas como: qual o impacto – e com que intensidade – dessa situação na minha vida? E se eu morrer amanhã? Iria embora somente mais um, afinal, com o tempo, as pessoas voltam à rotina e a vida continua, o céu continuará azul, a [avenida] Paulista cheia, as crianças indo para a escola, tudo se torna normal novamente. E eu? E eu? Eu simplesmente fui…
Uma coisa certa para todos é que morreremos um dia. Mas ninguém gosta de pensar nisso, normalmente fugimos dessa realidade e vivemos como se fôssemos imortais.
Essas frases são chavões que ouvimos todos os dias em palestras, canções, lemos em livros de autoajuda, poemas, etc. Mas quem de fato as pratica?
Depois que vivi muito de perto essa possibilidade, de simplesmente ir embora, refleti sobre essa segunda chance de estar aqui. Sou privilegiada. Muitas pessoas se vão repentinamente, sem dar o último abraço, correndo para chegar aonde nunca chegarão, são interrompidas no meio do caminho, com agenda cheia. Sem aviso, sem sinal. Elas simplesmente se vão…
Eu queria mudar, mas como mudar sentimentos e ações automáticos, que faziam parte do meu perfil, enraizados há 43 anos?
Comecei a pensar no que realmente importa e aos poucos aprendi algumas coisas, como:
1. Perder o medo e a preocupação com o que as pessoas pensam sobre mim.
2. A importância de prestar atenção em mim, nos limites do meu corpo, conhecer os meus pontos fortes e fracos para me sentir segura e saber aonde eu posso ir. Assim, desisti de querer fazer tudo ao mesmo tempo e decidi explorar meus pontos fortes, saber até onde ir para não parar onde ”não é a minha praia”.
3. Abdicar de tentar ser perfeita. Assumi que existem coisas em que realmente sou um desastre… (risos). Há outras que absolutamente ninguém ganha de mim, por isso a importância do trabalho em equipe – a gente se completa –, cada um é responsável por aquilo que faz de melhor, sem competição (seria como o Guga lutar com o Anderson Silva ou o Anderson Silva jogar tênis contra o Guga…). Nas Olimpíadas, cada um vai representar o Brasil com o que sabe fazer de melhor, uma grande equipe com habilidades individuais diferentes.
4. Melhorar a minha autoestima e ser apaixonada por mim (sem arrogância), mas não depositar a responsabilidade da minha felicidade em ninguém. Tomar as rédeas da minha vida.
5. A minha felicidade/sucesso vem das pequenas coisas e dependem única e exclusivamente de mim.
6. Eu posso olhar uma situação e enxergar uma oportunidade de aprendizado ou me vitimizar, sentindo pena de mim. A escolha vai ser sempre minha e eu decido me amar, sem ”coitadismo”, sem culpa (o ontem não podemos mudar, mas como vai ser hoje depende de mim, e o amanhã será consequência das escolhas que faço hoje, pois se eu plantar sementes de jiló, certamente daqui a algum tempo não vou colher morangos).
Enfim, levar a vida de forma leve, sem peso. A fórmula da felicidade está dentro da gente.
Direitos autorais da imagem de capa: Isi Parente/Unsplash.