No flow não existe controle. Tudo flui exatamente como deve fluir, e nessa hora você percebe e se apaixona pela tal da inconstância. O controle não é pela situação como o todo, e sim pelo seu autocontrole e foco em fazer determinada atividade.
Quando ouvi pela primeira vez a palavra flow (no português: fluxo), (no contexto que ouvi), estava iniciando o Yoga. A sequência de asanas (posturas) não era das mais fáceis, exigia dedicação, concentração, respiração e entrega. Custei a entender o que significava “vai no flow”. Iniciei a sequência de asanas repetidas vezes por que não estava conseguindo acompanhar o tal “flow” proposto.
Ao final da aula, visivelmente decepcionada com a minha perfomance, fui conversar com a professora e descobri que o “flow” nada mais era do que a totalidade da mente imersa no que foi proposto, no caso, a sequência de asanas da aula de Yoga.
Ou seja, não era olhar para o lado e analisar como o colega estava fazendo, era olhar para dentro e observar como a minha sequência aconteceria, no maior e melhor estado meditativo: a presença.
Naquele dia eu quis saber mais sobre o flow, e cheguei ao psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, o “pai” da “experiência do flow”, estudo que trouxe a tona não só um estado mental, mas indícios de felicidade e realização, já que tal estado só acontece quando, além de totalmente presentes, estamos fazendo atividades que mais gostamos. Não é a toa que o flow é aplicado nos mais diversos campos.
Demorei alguns dias para assimilar tudo que havia lido sobre Mihaly e o flow. E tal descoberta foi um caminho sem volta. Assim como o yoga, a meditação e o autoconhecimento, o flow também é um caminho sem volta. É o despertar para uma realidade que os outros podem até te contar como é, mas nada se compara a própria experiência.
No flow não existe controle. Tudo flui exatamente como deve fluir, e nessa hora você percebe e se apaixona pela tal da inconstância. O controle não é pela situação como o todo, e sim pelo seu autocontrole e foco em fazer determinada atividade.
Quanto mais focados, mais fluímos. Quanto mais entregues a determinada situação, mais resolução.
O flow não acontece de uma hora para outra, é preciso entender os sinais que aparecem no cotidiano. É preciso estar completamente envolvido na atividade ou situação proposta. É preciso, principalmente, ter autoconhecimento para observar a mente.
É no momento que saímos da nossa zona de conforto ou quando aceitamos um novo desafio. É quando colocamos o nosso cérebro para analisar uma perspectiva nova. É quando nos aventuramos verdadeiramente nos atalhos e chegamos enfim, ao destino final. O flow é o estado de êxtase quando atingimos um objetivo, quando nos dedicamos a algo que gostamos e quando estamos atentos, vivendo o momento presente.
“Vai no flow” se tornou além de mantra diário, um estilo de vida. De intensa presença, viver esse novo estado permite diariamente controlar o tempo de uma maneira diferente.
Atividades cotidianas que pareceriam simples e sem significado ganharam vida e propósito. Nada mais passa desapercebido. Você não só vai no flow, como vive a intensidade de cada segundo.
Intensidade que nesse caso é aquela completamente consciente das ligações e rupturas de cada tomada de decisão no momento presente.
Não é só ir no flow, é vivê-lo.
Mihaly explica de maneira didática e direta o flow neste video do TEDtalks. Vale a pena assistir!
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