Amadurecer emocionalmente é uma necessidade.
Depois de virarmos adultos, podemos começar a acolher a nossa criança interna e dar a ela o que ela precisa.
A ordem natural das coisas seria: o bebê vira criança, que se torna adolescente e caminha para a vida adulta até chegar ao envelhecimento. Na prática, nosso desenvolvimento físico pode até se dar dessa forma mas, na área emocional, o desenvolvimento pode ocorrer de forma bastante distinta.
Em geral, nós nos desenvolvemos melhor nas áreas em que, na infância, fomos vistos, amados e reconhecidos, então crescemos e amadurecemos, enquanto nas áreas em que fomos machucados, abandonados e desvalorizados, mantemo-nos imaturos e apegados à nossa criança ferida.
Quando somos crianças e olhamos para uma pessoa adulta, criamos a fantasia de que ela está preparada para conduzir a própria vida. O que ninguém nos conta, nessa época, é que dentro de cada adulto existe uma criança com vontades, birras e também muitas belezas.
Na prática, como isso funciona? Reconhecendo a criança saudável e a criança ferida.
A criança que um dia fomos se mantém viva dentro de nós até o último dia de nossa vida. Essa criança tem partes muito luminosas e saudáveis e partes muito machucadas e tristes.
Nossas vivências infantis vão nos marcando das mais variadas formas e vamos guardando esses registros dentro de nós mesmos. O dia na praia, a brincadeira com os amigos, o olhar de afeto dos pais, tudo isso marca essa criança de formas positivas, trazendo-lhe boas recordações, enquanto episódios de brigas, abusos, desvalorização e ausência de pertencimento podem lhe causar feridas, às vezes, muito profundas.
Quando crescemos e nos tornamos adultos, essas dores e delícias continuam dentro de nós. Quando a parte luminosa de nossa criança vem à tona, com ela também vem nosso lado brincalhão, divertido, criativo, ousado e espontâneo. Existem adultos que visivelmente estão conectados com sua criança feliz e saudável, e isso é maravilhoso e lhes rende momentos de puro brilho e muitas alegrias.
Entretanto, muitas vezes, nós nos conectamos com a parte ferida, dolorida que nos faz sentir amedrontados, indefesos, pequenos e até incapazes, desorganizados e muito infelizes. É sobre isso que quero falar.
Em geral, nossa criança feliz e nossa criança ferida estão sempre aparecendo, de acordo com as situações que vivenciamos.
Você já parou para pensar quem está no comando da sua vida?
Uma das tarefas mais importantes de todo adulto é poder se tornar bons pais para si mesmo, sabendo cuidar de si e da sua vida com atenção, carinho, disciplina, acolhimento e limites. No entanto, quantas vezes vemos um adulto que não sabe cuidar de si?
Quando uma pessoa adulta vive em constante desorganização, indisciplina, excessos, falta de autocuidado e bastante perdida sobre quais rumos tomar, quem será que está no comando de sua vida: o adulto ou a criança?
Com certeza, a criança, já que pessoas conectadas ao seu adulto aprenderam a fazer por si, cuidar de seus compromissos, de seu trabalho, fazem boas escolhas para si e mantêm a disciplina e a perseverança naquilo que faz bem a elas, e quando algo sai diferente do planejado, criam estratégias para reverter a situação.
Pessoas que ainda estão muito conectadas com a sua criança esperam que alguém venha salvá-las, usam grande parte de sua energia com queixas, na esperança de conseguir mobilizar ajuda externa, não conduzem a vida de forma satisfatória e tornam-se, muitas vezes, bastante dependentes dos outros.
Amadurecer emocionalmente é uma necessidade. Depois de virarmos adultos, podemos começar a acolher a nossa criança interna e dar a ela o que ela precisa.
Quando aprendemos a nos prover de afeto, gentileza, compreensão e acolhimento, deixamos de esperar que alguém venha para nos salvar e assumimos o volante da própria vida!
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