Que a família é fundamental no bom desenvolvimento das crianças, isso já não é mais novidade para nenhum de nós, não é verdade?
A maneira como os pais se comportam diante da criança é determinante para o bom desenvolvimento emocional dela. O clima tenso no lar, muitas vezes, torna-se fator de risco e consequentemente afetará a autoestima da criança.
Quando a comunicação entre as pessoas no entorno da criança é negativa, em que se faz mau uso das palavras – palavras duras também ferem –, preste atenção ao que é dito para as crianças e ao lado delas, pois a agressão verbal é uma forma de violência.
Punição física e regras muito rígidas, sem sentido, podem gerar desequilíbrio na harmonia do desenvolvimento emocional da criança, o que seguramente se refletirá em sua fase adulta.
Atitudes negativas para o bom desenvolvimento emocional da criança:
– liberdade excessiva;
– dar mais ênfase aos erros do que aos acertos da criança;
– fazer comparações com outras crianças;
– pais ausentes (quando não acompanham a vida escolar e social da criança);
– agressões físicas;
– expectativas altas ou baixas demais (pais e educadores, não projetem seus sonhos e desilusões nas crianças);
– proferir palavras que magoam;
– excesso de elogios (tudo na dose certa, que é para não inflar o ego da criança);
– subestimar a capacidade dela;
– discutir na presença da criança (atenção: nunca faça isso na frente de uma criança, isso a torna agressiva ou deprimida).
O importante para a criança é viver em um ambiente com diálogo construtivo, acolhedor e respeitável.
A autoestima faz parte da construção do caráter da criança e deve se refletir de forma positiva em sua vida, fazendo-a compreender que autoestima não está estritamente ligada à beleza, à estética, isso está relacionado à vaidade.
A criança tem que ser estimulada e compreender que a autoestima está relacionada a sua capacidade de acreditar em si mesma, de saber que é capaz de conquistar o que quer, ter objetivos na vida e saber ir em busca deles, acreditando na sua capacidade de realizá-los.
Ter autoconfiança de se aceitar como é: alta, baixa, gorda, magra, loira, negra, olho puxado, olho esbugalhado, cabelo liso, cabelo crespo, enfim, ter a autoconfiança de ser quem realmente é, ser autêntica e autoconfiante.
Quando a criança tem consciência de quem ela é de fato, aprende com o tempo a reconhecer seus potenciais e suas limitações. Uma criança autoconfiante aprende a fazer, tem prazer em aprender e aos poucos vai superando suas limitações.
Como se comporta uma criança com a autoestima equilibrada:
– aceita-se como ela realmente é;
– sabe conversar com os outros educadamente;
– aprende a encarar e resolver seus conflitos, sem necessitar da intervenção de adultos;
– tem confiança em si mesma;
– vai à luta pelo que deseja; é cedo que começa a capacidade de conquistar.
Se ela errar, faça-a entender que, mesmo tendo dificuldades e falhando, está aprendendo, assim, compreenderá que a vida é feita de erros e acertos o tempo todo. Ela precisa é saber que os pais e os educadores estão ao seu lado, sempre prontos a apoiá-la, mostrando que as frustrações fazem parte da vida. O erro, muitas vezes, é a fórmula secreta para o grande sucesso. É importantíssimo ensinar isso à criança.
Quanto mais cedo iniciarmos esse caminho, mais adultos conscientes nós teremos em nosso planeta. Ah, como estamos carentes de pessoas lúcidas, não é verdade?
Nós, adultos, podemos, sim, reverter esse quadro cuidando da autoestima de nossos pequenos, dando a eles elementos que talvez tenham faltado na nossa educação familiar. Se iniciarmos essa jornada ainda na infância, teremos uma geração melhor que a nossa, uma geração que se respeita apesar das diferenças, uma geração que acima de tudo respeita a Mãe Terra, pois terá discernimento e autoestima suficientes para cuidar da nossa casa com amor e sem ganância.
Todo ser humano gosta de se sentir amado e especial, então imagine uma criança que tem pouco tempo de estrada aqui neste mundo louco em que vivemos. Se ela se sentir amada dentro de casa, viver no mundo lá fora será um fardo mais leve.
Como ajudar a criança no desenvolver sua autoestima:
– dê a ela a possibilidade de escolha (quando possível);
– explique que cada decisão gera um resultado;
– dê responsabilidades de acordo com a faixa etária;
– elogie, quando for por mérito próprio;
– ensine que perder ou empatar fazem parte (pais, não demonstrem só o lado da vitória para seu filhote, pois, quando ele sair no mundo, terá de lidar com a perda. O ideal é que ele aprenda isso desde já, assim o impacto será menor);
– seja amoroso;
– demonstre felicidade nas pequenas conquistas, afinal, um rabisco, para uma criança, é uma obra de arte. Elogie, interesse-se por sua obra;
– ensine a doar com o coração;
– seja grato por tudo o que a criança é e pelo que possuem;
– brinque com a criança;
– leia com sua criança (o hábito de leitura é fundamental, ajuda a desenvolver o senso crítico);
– ande de mãos dadas;
– pratique a terapia do abraço;
– fale palavras amigáveis;
– dê a base familiar (família são aqueles que criam com amor e respeito, lembre-se disso);
– escute o que a criança tem a dizer, pode ser uma besteira para você, mas para ela é assunto sério;
– coopere com a criança, isso a ensinará a cooperar também;
– demonstre amor, ame e será amado, isso é o mais importante.
A autoestima traz a alegria de viver, ajuda a superar as dificuldades com mais leveza.
É com amor e qualidade das relações que se desencadeia uma boa percepção de si mesmo, do “eu sou”.
Pais e educadores são os formadores da nova geração. E lembre-se: é muito mais fácil educar uma criança do que corrigir um adulto.
Muitos dos dramas atuais nascem na infância, é muito mais complicado resolver isso, pois muitos de nós sofre de baixa autoestima, e com a correria diária, às vezes, não notamos que essas pessoas sofrem de crenças distorcidas de si mesmo. Observe as pessoas que reagem ao mundo com agressividade, o adulto que grita, que é agressivo, lá no fundo ele está gritando com os seus monstros internos, está é gritando por socorro, e precisa de ajuda para resgatar sua autoestima, seu poder pessoal.
Nós precisamos promover essas mudanças em nossa sociedade a partir da criança para vivermos em um mundo mais justo e igualitário.
Carl Gustav Jung, psiquiatra, psicoterapeuta e fundador da psicologia analítica, diz o seguinte: “Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que eu escolhi me tornar.”
Então, vamos ajudar as nossas crianças a se tornarem pessoas melhores do que nós? Pois o que todos nós almejamos é uma sociedade com adultos conscientes, com autoestima equilibrada.
Ter autoestima é saber que é merecedor da vida, e devemos ir em busca desse merecimento desde a infância!
Direitos autorais da imagem de capa: Eye for Ebony/Unsplash.